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Dona da TVI com prejuízo de 54,7 milhões de euros em 2019

Contas da TVI foram penalizadas pelo teste anual de imparidades de ‘goodwill’, que teve em consideração o processo de venda da Media Capital à Cofina. Dona da TVI garante, contudo, que “imparidades em nada afetam a atividade operacional do grupo, nem a sua capacidade financeira”.
26 Fevereiro 2020, 17h10

O Grupo Media Capital, que detém entre outros meios a TVI e a Rádio Comercial, registou um resultado liquído acumulado negativo de 54,7 milhões de euros em 2019, uma quebra significativa face ao lucro de 21,6 milhões de euros verificado em 2018. De acordo com as contas reportadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta quarta-feira, a quebra deveu-se, “na maior parte, do reconhecimento de imparidades de goodwill, bem como do desempenho operacional”.

As imparidades que penalizaram as contas da dona da TVI ascendem a 57,3 milhões de euros, dos quais 55,4 milhões respeito à operação televisiva e 1,9 milhões à atividade de produção audiovisual. Mas a Media Capital garante que “estas imparidades em nada afetam a atividade operacional do grupo, nem a sua capacidade financeira”.

A Media Capital “tomou como referência de valorização a operação em curso de venda [à Cofina] da totalidade da participação por parte do principal acionista [Prisa, através da Vertix], resultando no registo de imparidades de goodwill“, acrescenta o comunicado.

A dona da TVI atravessa um período em que está a ser vendida à Cofina por um valor empresarial acumulado total de 205 milhões de euros (123,29 milhões de euros mais dívida do grupo). A Cofina vai pagar 1,5406 euros por cada ação da Media Capital. A Cofina espera ter a operação de aquisição concluída até ao final de março.

No exercício de 2019, os rendimentos operacionais da Media Capital (incluindo televisão, rádio, produção audiovisual e outros) recuaram 9%, para 165,1 milhões de euros, face ao ano de 2018. E se os rendimentos do grupo diminuiram, os gastos com as atividades operacionais (excluindo amortizações, depreciações e imparidades de goodwill) cresceram 4%, passando de 141,9 milhões em 2018 para 146,5 milhões em 2019.

Já o EBITDA consolidado decresceu dos 40,9 milhões de euros em 2018 para os 18,6 milhões de euros em 2019. O indicador não contabilizou gastos com reestruturações e imparidades de goodwill. A margem EBITDA agravou de 22,5% para 11,3%. O resultado operacional foi, por sua vez, de 50,1 milhões de euros negativos em 2019.

Apesar do desempenho negativo em 2019, a dona da TVI diminuiu em 4,3 milhões de euros a dívida liquida em 2019. No final de dezembro, a dívida do grupo Media Capital ascendia a 88,5 milhões de euros, “considerando os ajustamentos da aplicação do IFRS 16 aos valores de 2018”.

Receitas de publicidade em rádio e área do digital crescem em 2019
Estes resultados surgem depois de um ano em que a SIC superou a TVI e passou a liderar as audiências. Analisando as áreas de negócio, a Media Capital diz ter registado “subida nas receitas de publicidade em rádio”, mas na televisão o desempenho foi mais pobre.

No segmento Rádio & Entretenimento (pela primeira vez a Media capital juntou as duas operações), a Media Capital registou um crescimento de 13% em publicidade, mas na operação consolidada ” verificou-se uma redução de 10% face a 2018, para os 112,3 milhões de euros, devido ao segmento de televisão”.

A dona da Rádio Comercial observou uma audiência acumulada de véspera (AAV) a atingir uma média de 27,9% em 2019, “sendo que a AAV da segunda vaga foi a mais elevada de sempre de qualquer grupo de rádio desde 2003”. A Media Capital reportou que a Rádio Comercial registou em 2019 “o maior número de ouvintes de sempre de uma rádio portuguesa (mais de 1,5 milhões de ouvintes e uma AAV de 18,5%), ao passo que a M80 obteve o seu maior share de audiência de sempre”.

No segmento de Televisão, “e num período em que o mercado comparável recuou”, a publicidade reduziu 15% no último ano face ao ano de 2018. Já na área Digital, e face ao ano de 2018, “o número de visitas e páginas vistas aumentou 44% e 42%, respetivamente”.

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