A indústria farmacêutica continua a deparar-se com dificuldades em atrair e reter talento em Portugal, comparando mal com o resto da Europa neste objetivo, e a falta de uma “visão agregadora” para o sector como “uma força de desenvolvimento económico” para o país agrava esta dificuldade, considera João Norte, da BIAL.
O responsável da farmacêutica portuguesa destacou, no Fórum da Indústria Farmacêutica organizado esta quarta-feira pelo JE, a evolução positiva do sector nalguns aspetos, mas continuam a faltar organização e visão estratégica para o ramo.
João Norte argumentou que se deve “que se fugir da discussão do valor das exportações”, ainda que estas ajudem “a promover a indústria”. Pelo contrário, o responsável por Market Access & Corporate Affairs da BIAL pede que se olhe para a inovação portuguesa exportada para o resto do mundo, defendendo que é assim que o país potencia emprego qualificado e a atração de investimento estrangeiro de qualidade.
O objetivo deve ser, portanto, “conseguir ter inovação feita em Portugal acessível aos doentes do mundo inteiro”, resumiu.
Ainda assim, a capacidade de retenção de talento mantém-se como uma dificuldade. Apesar de “o país ter mão-de-obra qualificada nesta área”, João Norte argumenta que “para suportar uma verdadeira indústria temos trabalho a fazer”.
Olhando para o exemplo da BIAL, a empresa tem conseguido “ir buscar portugueses que se formaram fora”, visto que, embora haja “bons investigadores [no país], não há muitos que tenham planeado, por exemplo, ensaios clínicos de larga escala” ou com experiência relevante nestas áreas.
“Temos muito caminho a fazer nesta área muito exigente. […] Para atrair investimento internacional é preciso criar outras condições a que se juntam depois a capacidade de entrada no mercado mais do que propriamente a fiscalidade”, acrescentou, defendendo uma maior definição por parte do Governo sobre o que significa desenvolver o sector em Portugal.
“O que vamos dar em troca às empresas? E o que vamos pedir para deixarem cá?”, questionou, suportando que é necessária uma “visão agregadora” sobre este assunto.
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