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E se os juros subirem em 2022? Saiba como proteger-se de um aumento das taxas

Há cada vez mais a certeza de que as taxas de juro vão subir ainda este ano. Se esse aumento acontecer, trará consigo um agravamento das hipotecas que as famílias pagam todos os meses, pelo menos nos casos dos empréstimos a taxa variável.
  • Pagar por antecedência a hipoteca da casa
18 Março 2022, 10h30

O mercado está cada vez mais convencido de que o Banco Central Europeu poderá subir os juros ainda este ano, pondo fim a um longo período de taxas em níveis muito baixos ou mesmo negativos. Caso isso aconteça, as famílias vão sentir o impacto, seja através de um aumento da hipoteca que pagam todos os meses ao banco, como em todos os outros créditos indexados à Euribor. Mas como é que podem proteger-se desta subida que parece estar cada vez mais próxima?

O banco liderado por Christine Lagarde decidiu, na semana passada, manter as taxas de juro, mas acelerar a redução dos estímulos à economia, perante um cenário de pressão inflacionista agravada pela guerra na Ucrânia. Com o comunicado do BCE, os investidores ficaram convencidos de que vai haver, afinal, um aumento da taxa de juro até ao final do ano. Essa perspetiva fica patente na subida das taxas de mercado, as Euribor, que dos -0,5% estão a encaminhar-se para 0%.

Esta subida não irá afetar quem tem crédito à habitação a taxa fixa, pois ficará tudo na mesma. Mas o mesmo não se pode dizer de quem tem um empréstimo da casa com taxa variável, ou seja, indexada à Euribor. Para estas famílias, com a subida das taxas de juro,  mesmo que para 0%, as prestações mensais vão subir. E, a menos que haja um aumento dos rendimentos, os orçamentos vão “encolher”, sendo aconselhável calcular a taxa de esforço para garantir que o peso de todas as prestações de crédito (seja habitação, automóvel ou consumo) não ultrapassa um terço dos seus rendimentos.

Além disso, há outras formas de se protegerem de uma potencial subida das taxas de juro:

Mudar para taxa fixa

Se o empréstimo for a taxa variável, os clientes podem sempre considerar a hipótese de mudar para taxa fixa. Esta questão deverá ser colocada ao banco, de maneira a analisar se vale a pena a alteração. Com a taxa fixa fica protegido daa subida das taxas de juro, mas só até certo ponto. Lembre-se que as taxas fixas são, tendencialmente, mais elevadas do que as taxas variáveis, podendo, ou não, a taxa fixa contratada vir a ser superada pela variável. Além disso, note que com uma taxa fixa a penalização por amortização antecipada do crédito é de 2% do capital em dívida, contra 0,5% na variável.

Renegociar o spread

O spread é uma componente da taxa de juro, definida pelo banco, contrato a contrato, quando concede um empréstimo. Se já não fala há algum tempo com a sua instituição financeira, e tem um spread elevado, esta pode ser uma boa altura para entrar em contacto e tentar negociar uma descida desta taxa antes da subida do indexante do crédito. Antes, é importante que compare o que está a ser praticado por outros bancos, de forma a ter uma ideia do que é que está a ser oferecido. E até onde poderá ir na negociação. No caso de o banco não aceitar uma proposta de redução, há sempre a hipótese de transferir o crédito para outra entidade que ofereça condições mais atrativas, sendo que vários bancos têm habitualmente campanhas em que suportam os custos dessa transferência.

Rever seguro de vida associado ao crédito da casa

Outra forma de compensar a subida da hipoteca, perante um aumento dos juros, poderá ser através de uma revisão do seguro de vida associado ao crédito à habitação. Estes seguros têm um capital ajustado ao montante em dívida, mas a partir de certa idade o valor sobe exponencialmente. É preciso analisar os preços praticados e perceber se poderá ser mais vantajoso mudar de seguradora. Caso o seguro tenha sido proposto pelo banco quando o crédito foi contratado, é possível que haja uma bonificação no spread. Ainda assim, é preciso fazer contas para se perceber se compensa uma mudança.

Amortizar parcialmente o crédito

Para quem tem algum dinheiro de parte, além daquele que está guardado para alguma emergência, pode usá-lo para amortizar parcialmente a sua dívida. Isto irá permitir uma redução do valor da prestação mensal e vai amenizar o impacto do aumento das taxas de juro. É, no entanto, preciso ter em conta que as amortizações têm custos (0,5% do capital em dívida no caso do crédito estar indexado à taxa variável, 2% no caso de ser taxa fixa), exceto, por exemplo, em situações de desemprego. Neste sentido, tem de se perceber se o que se vai poupar com a diminuição da prestação compensa os gastos relacionados com a amortização.

Consolidar créditos

Sem tem vários créditos com taxa variável, pode ponderar consolidá-los. Isto permitiria, à partida, baixar o valor a pagar mensalmente. Apesar de prolongar o prazo de pagamento, aumentando o custo total do financiamento (em juros e comissões) esta solução permite-lhe ter mais liquidez todos os meses e pode ajudar a suportar uma subida da prestação do crédito da casa. Em todos os casos, deverá contactar o banco para perceber quais as melhores soluções para aliviar o peso da hipoteca que irá aumentar com a subida das taxas de juro.

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