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“É uma economia onde o Estado colhe o que não semeou”, refere presidente da CIP

O evento, organizado em conjunto pela Ordem dos Economistas e SEDES esta segunda-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, serviu para homenagear o professor e antigo ministro das Finanças, desaparecido no início deste ano.
29 Maio 2023, 16h15

Decorreu esta tarde na Gulgankian o terceiro painel da conferência, intitulado “As empresas portuguesas: por onde vão”, moderado por Filipe Alves, diretor do Jornal Económico. Nele participaram José Roquette, presidente da Mesa da Assembleia Geral da SEDES, Armindo Monteiro, presidente da CIP, Luís Todo Bom, do Observatório de Economia da SEDES e Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade.

“O crescimento de uma economia tem de ser inclusivo. O problema dos salários é de facto grande”, disse José Roquette, considerando que João Salgueiro, com quem conviveu durante mais de 60 anos, faz muita falta e que se estivesse presente partilharia desta visão na necessidade de tornar a economia portuguesa mais competitiva.

Armindo Monteiro designou-se como um “otimista consciente” e considera essencial saber de onde vêm as empresas portuguesas, qual o ponto de partida de onde têm de evoluir, lembrando que o tecido empresarial nacional não é uniforme. “Falamos sempre do potencial das empresas medindo-o pelo seu potencial exportador, mas em Portugal apenas 28119  exportam e apenas 6 mil o fazem de forma recorrente”, acrescentou.

O presidente da CIP disse ainda: “É a matéria empreendedora que faz a diferença”. “É uma economia sem indústria, onde o Estado se habituou a tirar onde não pôs, a semear onde não plantou”. “É uma economia asfixiada, onde as empresas não são livres. Prejudicada por leis que prejudicam todos, incluindo o trabalhador. Parece-me que o desígnio que existe é continuarmos a ser elegíveis para um quadro comunitário de apoio”.

“Nunca fomos estimulados para ser um país rico. Parece que toda a virtude está em ser pobre. O grande capital não é estimulado”, disse Armindo Monteiro.

Luís Todo Bom lembrou João Salgueiro: “Foi a pessoa com a maior capacidade analítica, mais inteligente, que conheci em toda a minha vida”.

Em relação às empresas, o responsável do Observatório de Economia da SEDES enfatizou a necessidade de apostar na inovação para se poder exportar com valor acrescentado. “Com menos de 40 milhões de vendas, as empresas que exportam são heróis. O que temos é de crescer!”.

Luís Todo Bom diz que não há aquisições de empresas familiares devido à carga fiscal. “devia haver uma vontade de toda a sociedade civil e do Governo para o crescimento”.

Para Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, a nossa economia assenta no pressuposto sem fundamento real de que poderíamos sempre recorrer à solidariedade europeia e “destruiu-se a Administração publica através da péssima seleção política”, disse Ferraz da Costa.

Luís Todo Bom disse que o Estado pode ajudar as empresas pela via fiscal e pelo reforço de capital, através do Banco de Fomento. “E facilitando tudo, nomeadamente as licenças”.

“Só 5% das empresas familiares passam para a segunda geração e menos de 0,5% passam para uma terceira. Temos de procurar talentos e dar vida aos talentos”, explicou José Roquette, partilhando que existe um protocolo familiar que especifica quais os requisitos que os membros da sua família têm de ser, a nível de CV e competências académicas, para se candidatarem a trabalhar no grupo.

“Somos o carro vassoura da Europa e não cultivamos uma cultura de rigor”, concluiu Armido Monteiro.

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