[weglot_switcher]

Economista-chefe do BCE diz que economia da zona euro poderá levar três anos a recuperar da Covid-19

Mesmo num cenário intermédio, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, aponta que a recuperação económica terá sempre um horizonte temporal de três anos (até 2023) -, prevendo nesse caso uma contração do PIB da zona euro de 8% no final de 2020.
1 Maio 2020, 17h37

O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, alertou esta sexta-feira, 1 de maio, para a possibilidade de a economia da zona estar completamente refeita do impacto económico gerado pela pandemia da Covid-19 em 2023. Numa publicação no blogue do BCE, citada pelo Financial Times, Lane descreveu o pior cenário, considerando a sua concretização apenas caso o produto interno bruto (PIB) da zona euro em 2020 recue 12%.

Segundo o economista-chefe do BCE, o cenário desenhado pelo banco central está fortemente condicionado pelo “choque severo” provocado pelo surto epidemiológico da Covid-19, concluindo que a economia da zona euro não vai regressar aos níveis do final de 2019 antes de 2023.

Mesmo num cenário intermédio, o BCE aponta que a recuperação económica terá sempre um horizonte temporal de três anos, prevendo uma contração do PIB de 8% no final de 2020.

Por oposição, num cenário menos pessimista, a contração do PIB da zona será de 5% e recuperação económica estará completa no início de 2021.

“A dimensão e a duração do choque macroeconómico provocado pela pandemia dependem da duração das medidas [restritivas], o seu impacto nos setores e a velocidade a que a atividade económica normaliza”, argumentou Philipe Lane.

O BCE, após a reunião de política monetária, realizada na quinta-feira, 30 de abril, tinha apontado para a previsão de que a economia da zona euro possa recuar entre “5 e 12%” em 2020, reflexo da “grande incerteza” quanto ao impacto económico da pandemia de Covid-19, segundo a presidente do organismo, Christine Lagarde.

No primeiro trimestre do ano, o PIB da zona euro registou um recuo de 3,8%, de acordo com os dados do Eurostat divulgados também ontem.

“Dada a grande incerteza em torno do impacto económico [da pandemia], os cenários de crescimento do BCE sugerem que o PIB poderá cair de 5% a 12% este ano […] A queda da atividade económica em abril sugere que o impacto será provavelmente mais severo no segundo trimestre”, afirmou Lagarde.

Lagarde salientou também que o retrocesso da economia deverá ter “um efeito negativo” na inflação “durante os próximos meses”.

Da reunião, o BCE decidiu deixar as taxas de juro inalteradas, embora tenha anunciado que flexibilização das condições de empréstimo aos bancos e se afirmado disponível para aumentar o volume das compras de dívida. O programa de emergência do Banco Central Europeu de compra suplementar de dívida para travar os efeitos da pandemia de Covid-19 também poderá ser prolongado depois de 2020.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.