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EDP com prejuízos de 76 milhões de euros no primeiro trimestre do ano

A seca em Portugal e a necessidade que a empresa teve de comprar eletricidade no mercado grossista ibérico cortou os lucros da EDP. Dos 180 milhões de euros de lucros registados nos três primeiros meses de 2021, a empresa passou a prejuízos de 76 milhões.
5 Maio 2022, 16h28

A EDP registou prejuízos de 76 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, um desempenho que a empresa diz ter sido “fortemente impactado pela seca extrema em Portugal no inverno 2021/2022, o mais seco dos últimos 90 anos”.

Esta situação resultou num “défice recorde de produção hídrica da EDP” no mercado ibérico no trimestre, cerca de 2,6 TWh (TeraWhatts/hora) face à média histórica.

Por sua vez, este défice hídrico resultou na necessidade de um “volume equivalente de compras de eletricidade no mercado grossista Ibérico”, por forma a satisfazer o consumo da carteira de clientes. Mas o trimestre também registou “preços máximos históricos”.

Durante este período o preço médio de eletricidade foi de 229 euros por cada megawhatt/hora, “uma subida homóloga de 407%”.

“O forte aumento do custo da eletricidade vendida, não repercutido na carteira de clientes, implicou uma perda de 400 milhões de euros primeiro trimestre de 2022 ao nível do EBITDA, que justifica o resultado líquido negativo de -76 milhões de euros registado pela EDP”, ou seja uma queda de 256 milhões de euros em termos homólogos. Quando a EDP refere que o forte aumento não foi “repercutido na carteira de clientes”, isso que significa que até ao momento ainda não aumentou os preços dos consumidores finais por forma a refletir os custos acrescidos que está a ter.

No mesmo trimestre de 2021, a EDP registou lucros de 180 milhões de euros.

CEO da EDP recusa “aproveitamento” e diz que não há qualquer “lucro extraordinário”

Em declarações à Lusa na sequência da divulgação dos resultados, o presidente executivo (CEO) da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, garantiu que “não há qualquer aproveitamento” do contexto atual de preços elevados da energia, apontando os prejuízos da empresa no primeiro trimestre e reiterando que não há qualquer “lucro extraordinário”.

“Claramente não há qualquer tipo de aproveitamento por parte das ‘utilities’”, destacou Stilwell, indicando que a empresa absorveu “os impactos”, “até com prejuízo”.

“Os factos são os que são, não há qualquer tipo de lucro extraordinário, pelo contrário”, garantiu, questionado sobre a possibilidade de aplicação de um imposto por lucros extraordinários, admitido pelo Governo.

“Estamos a tentar mitigar [o impacto] ao longo do resto do ano para compensar este trimestre”, salientou o CEO, por sua vez, sublinhando que a aposta é nas renováveis e em outras geografias, como os EUA e o Brasil.

Questionado sobre se, nos próximos tempos, a EDP vai aumentar preços para compensar estes impactos, o CEO recordou que a empresa tem “compromissos”.

“Temos compromissos e contratos com grande parte dos clientes empresariais e domésticos”, destacou, sublinhando que a EDP vai “manter aqueles compromissos” que tem.

“Vamos tentando, à medida que se vai renegociando os contratos, ao longo dos próximos tempos refletir aquilo que é o preço de mercado nalguns desses contratos”, referiu, ressalvando que o que a empresa tem “aconselhado os clientes empresariais é a fazer contratos a longo prazo, de cinco ou seis anos”, contando que o preço nos próximos anos seja mais baixo.

“A aposta nas renováveis vê-se em alturas destas, de crise, faz imenso sentido”, salientou, indicando que “tudo o que seja investimento em renováveis nos vários países, melhorar a velocidade de licenciamento da parte das interligações, tudo isso permite ter renováveis mais rapidamente e a preços mais baixos”.

“Temos de estar preparados para anos muito secos”, disse ainda, indicando a volatilidade da geração hídrica de energia. “Seja o solar ou a eólica, são muito menos voláteis e são fontes de geração mais estáveis do que a hídrica”, garantiu.

A EDP registou, no primeiro trimestre deste ano, prejuízos de 76 milhões de euros, que comparam com lucros de 180 milhões de euros no período homólogo, devido à seca e ao aumento do custo da eletricidade, anunciou hoje, em comunicado.

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