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Eficiência energética na linha da frente para reduzir dependência de Putin

Governo e empresas analisam o atual momento da eficiência energética. Defendem que chegou a altura de Portugal e a Europa acelerarem para desligar a ficha de Moscovo e do regime de Vladimir Putin. Sector energético português está comprometido com metas.
2 Julho 2022, 17h00

O sector energético foi especialmente atingido pela decisão de Vladimir Putin de invadir a Ucrânia.

Num curto espaço de tempo, o frágil equilíbrio do mundo da energia ficou ameaçado: preços da eletricidade, petróleo e gás natural a dispararem. E os próximos tempos continuam a ser uma grande incógnita: a Europa vai conseguir arranjar em tempo útil alternativas ao petróleo e gás russo? Existem muitas nuvens negras no horizonte. Num cenário de bastante incerteza, a eficiência energética vai ser um dos vetores a contribuir para reduzir a dependência europeia do Kremlin e de Vladimir Putin.
Para responder a este desafio, a Comissão Europeia apresentou em maio o plano REPowerEU, com o objetivo de aumentar as metas de poupança de energia de 9% para 13% face aos valores de 2020.

“Em resposta às dificuldades e às perturbações do mercado mundial da energia causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, a Comissão Europeia apresentou o plano REPowerEU, com dois objetivos essenciais: tornar a União Europeia independente dos combustíveis fósseis russos e avançar rapidamente com a transição energética”, recorda o gabinete de imprensa do ministério do Ambiente e da Ação Climática.

“No que respeita às medidas de economia de energia, a Comissão propõe reforçar as medidas de eficiência energética a longo prazo, incluindo um aumento (de 9% para 13%) da meta vinculativa de eficiência energética prevista no pacote legislativo Fit for 55, isto é, a Comissão Europeia propõe que os estados-membros garantam coletivamente uma redução do consumo de energia de, pelo menos, 13% em 2030, por comparação com as projeções do cenário de referência de 2020, de modo a que o consumo final de energia da União não exceda 750 Mtep e o consumo de energia primária da União não exceda 980 Mtep em 2030”, acrescenta a tutela sediada na rua do Século.

Já a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) destaca que a eficiência energética está na linha da frente na guerra europeia contra o Kremlin.

“A eficiência energética sempre teve um papel importante no caminho para a descarbonização, e, com o estalar da guerra, a sua importância escalou, pois é também uma das ferramentas que contribui para acabar com a dependência energética do gás natural russo, juntamente com a instalação de mais potência renovável e a renovação do parque já existente ou até a simplificação do processo de licenciamento de projetos”, disse ao JE Pedro Amaral Jorge presidente da APREN.

Por sua vez, a Galp defende que o tema da eficiência energética deve continuar no “topo da agenda política em Portugal e na Europa”.

“Situações extremas como a guerra na Ucrânia provocam inevitáveis sobressaltos nas estratégias de qualquer empresa ou Estado. Mas acreditamos que as ambições nacionais e europeias em matéria de eficiência energética, bem como os roteiros de neutralidade carbónica que estão em curso – dada a sua importância crítica para o nosso futuro –, não podem ser alterados na sua essência”, disse fonte oficial da empresa liderada por Andy Brown.

“Nesse sentido, iniciativas como a “Repower Europe” são um passo importante nesse sentido e devem ser postas em prática com urgência, para aumentar a oferta interna de energia e de matérias-primas, e evitar a dependência excessiva das importações. Entre essas medidas, destacamos a aprovação atempada de licenças para viabilizar mais energia renovável e a duplicação da meta de Hidrogénio Verde, que estão inteiramente alinhadas com as ambições da Galp e que ajudarão a melhorar a resiliência do sistema energético”, destacou a energética portuguesa.

A Greenvolt, por seu turno, destaca que o REPowerEU “define que dentro de poucos anos (até ao final de 2027) todos os edifícios comerciais, novos e já existentes, com mais de 250 metros quadrados tenham de ter painéis solares fotovoltaicos. E até 2029, estes painéis terão de estar em todos os novos edifícios residenciais, mudando completamente o panorama de consumo de energia. Estamos a falar da promoção de sistemas de autoconsumo, mas principalmente daquilo que a GreenVolt considera ser estratégico que são as comunidades de energia renovável. A UE está a ir de encontro ao que já defendemos hoje com a Energia Unida, aqui em Portugal”.

Também a Engie Portugal rejeita qualquer hipótese de desacelaração no campo da eficiência energética. “A guerra na Ucrânia é claramente mais um impulso para a descarbonização e para o aumento da autonomia energética da Europa. Ao argumento climático, juntam-se dois outros argumentos poderosos: o económico (o impacto que os altos preços da energia estão a provocar no mundo) e o estratégico (a ameaça de quebra no abastecimento de energia a países tão poderosos como a Alemanha). A resposta só pode ser mais eficiência energética (a melhor energia é aquela que não chegamos a consumir) e mais renováveis. Em Portugal estamos na linha da frente nas renováveis (talvez por ser a parte mais fácil da equação), mas na cauda da Europa na eficiência energética, onde ainda temos um longo caminho a percorrer”, segundo João Castanheira CEO adjunto da Engie Portugal.

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