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El País: Derrota do PSD nas autárquicas dita fim do ciclo para o “salvador moralista da pátria”

Pedro Passos Coelho anunciou esta terça-feira que não se vai recandidatar à liderança do Partido Social-Democrata (PSD). A imprensa internacional escreve que a descida para terceiro lugar em Lisboa e Porto, fruto das “desastrosas campanhas dos candidatos que escolheu a dedo”, obrigaram o presidente do PSD a “dar um passo para trás”.
4 Outubro 2017, 10h49

“A noite do último domingo foi devastadora para Pedro Passos Coelho”. É desta forma que o jornal espanhol ‘El País’ se refere à pesada derrota do líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, que esta terça-feira veio anunciar que não se vai recandidatar à liderança do PSD. O jornal escreve que o anúncio marca o fim do “salvador moralista da pátria”, que se tornou o melhor aluno da Zona Euro e que levantou o país da ruína rumo ao crescimento económico.

O jornal dá conta de que a comunicação de Pedro Passos Coelho ao país e a todos os sociais-democratas aconteceu menos de 48 horas depois de o PSD ter “registados os piores resultados na história em eleições autárquicas portuguesas”. A descida para terceiro lugar nas duas duas principais cidades do país – Lisboa e Porto – fruto das “desastrosas campanhas dos candidatos que escolheu a dedo”, obrigaram o presidente do PSD a “dar um passo para trás”.

“O anúncio de Passos Coelho põe fim a uma trajetória que o viu passar de deputado social-democrata desconhecido para o ‘salvador da pátria’ de Portugal; de detestado importador da austeridade a reconhecido criador da recuperação económica do país; e, finalmente, do vencedor das eleições legislativas ao líder de uma oposição cada vez mais irrelevante”, escreve o jornal espanhol.

O ‘El País’ nota que terá sido durante o Governo de Pedro Passos Coelho que as finanças nacionais terão superado um dos piores momentos da história económica do país, depois do descalabro financeiro deixado pelo socialista José Sócrates, que obrigou Portugal a pedir ajuda financeira externa. Passos Coelho foi “um salvador do país pronto para liderar Portugal em seu momento mais crítico” e cumpriu “todas as medidas impostas pela temida troika em troca do resgate do país”, indica o jornal.

“O problema é que Passos foi sempre um moralista, insistindo que o país tinha de pagar pelos pecados do passado, e isso corroeu os eleitores”, continua o matutino espanhol. Passos Coelho, já na oposição, tentou alertar para as consequências da reversão das políticas de austeridade anunciadas pelo Executivo de António Costa, mas as suas críticas vieram a torná-lo uma “figura irrelevante e ridicularizada pelos ataques desesperados contra o Executivo”. A economia melhorou, o país saiu do Procedimento de Défice Excessivo (PDE) e o desemprego caiu.

“Esgotado”, o objetivo de Passos Coelho era reforçar o seu peso político mantendo os municípios já controlados pelos sociais-democratas. Mas os resultados das eleições não foram favoráveis ao líder do PSD. “Sem um milagre, seria impossível resistir ao avanço dos rivais que argumentavam que o partido nunca se iria levantar sem um novo rosto na liderança”.

Com a saída de Pedro Passos Coelho, a porta fica agora aberta a novos concorrentes. Na lista surgem Rui Rio, antigo autarca do Porto, e o ex-líder parlamentar do partido, Luís Montenegro, que é visto como “o sucessor natural do Passismo”.

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