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Eleições alemãs criam instabilidade na Europa, mas euro sai beneficiado

Apesar de a vitória de Angela Merkel ser esperada, os resultados desapontaram e a emergência da extrema-direita lançou dúvidas sobre o futuro político do país.
  • Wolfgang Rattay/Reuters
26 Setembro 2017, 07h35

A vitória de Angela Merkel nas eleições deste domingo era mais que esperada, mas a chanceler alemã não conseguiu a maioria absoluta e viu o país virar-se para a extrema direita. Os resultados criaram incerteza sobre o futuro político da potência europeia, com as bolsas a serem penalizadas ao longo da segunda-feira. Por outro lado, o euro saiu beneficiado com o aliviar da pressão.

“Estes resultados deverão ter pouco impacto na economia alemã, que deverá continuar com uma boa performance”, refere a Allianz Global Investors (GI). No entanto, as bolsas foram penalizadas, com quase todas os principais índices a fecharam no vermelho, enquanto o alemão DAX conseguiu um ganho ligeiro de 0,02%, nos 12.594,81 pontos.

Em sentido contrário, o euro aliviou da tendência de valorização face à par norte-americana desde o início do ano. No dia seguinte às eleições, a moeda única depreciou-se para um mínimo intraday de 12.594,81 dólares. “Um euro mais fraco poderá ser positivo para as empresas exportadoras”, avaliou a Allianz GI.

A equipa de research do Credit Suisse concorda que as eleições foram um evento com risco controlado para os mercados europeus. “As grandes decisões serão provavelmente adiadas por algum tempo”, explica, colocando agora o foco na coligação que Angela Merkel poderá estabelecer para formar Governo.

O partido de Merkel, União Democrata-Cristã (CDU) conseguiu 32% dos votos, enquanto a o Partido Social-Democrata (SPD) de Martin Schulz, ficou com 20,5%. Os dois partidos poderão voltar a coligar-se, mas Schultz já disse não estar interessado.

Por outro lado, a CDU poderá tentar voltar-se para o Partido Liberal (FDP – 9,2%) e os Verdes (8,9%). Esta possibilidade nunca foi tentada na Alemanha e está a ficar conhecida como coligação Jamaica, já que junta os partidos preto, amarelo e verde (cores da bandeira jamaicana). De fora da lista de preferências da líder democrata-cristã fica a extrema-direita, representada pela Alternativa para a Alemanha (AfD) que conseguiu arrecadar 12,6% nos votos e a terceira melhor votação da noite.

“Acreditamos que um acordo poderá ser alcançado: representantes seniores dos partidos de todos os lados expressaram vontade de procurar um terreno comum – e não conseguir alcançar um acordo poderá resultar numa nova eleições, que poderá beneficiar o partido anti-establishment AfD”, acrescenta o Credit Suisse.

A longo prazo, os analistas também vêm o resultado das eleições a ter um impacto limitado, como explica o gestor de portefólio da Fidelity International, Nick Peters. “As implicações políticas das eleições continuam relativamente neutras, já que a zona euro continua a beneficiar de uma recuperação forte e sincronizada”, diz. “Continuo positivo em relação às ações europeias, que deverão beneficiar de um cenário de fundamentais fortes”.

Da mesma forma, a AllianzGI acredita que “a Alemanha continuará a ser governada por um governo pró-Europa, liderado por Merkel e mantém-se a probabilidade de um eixo Berlim-Paris próximo”. No entanto, acredita que os resultados “não vão inteiramente acalmar as preocupações residuais sobre o risco político na Europa, particularmente com a região a continuar o ‘super-ciclo’ de eleições”.

A 1 de outubro, Espanha irá enfrentar um referendo sobre a independência da Catalunha, enquanto duas semanas depois, a Áustria vai às urnas para eleições legislativas. As eleições em Itália são só em 2018, mas são outro evento que poderá criar instabilidade.

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