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Eleições em Itália podem ditar ingovernabilidade do país

O partido conquistou mais de 30% dos votos nas duas câmaras do parlamento italiano, mas a sua vitória sem maioria pode vir a arrastar o país para a ingovernabilidade e trazer uma nova dor de cabeça para a Europa.
  • Simone Arveda/Epa/Lusa
5 Março 2018, 11h16

As eleições deste domingo em Itália deram vitória ao partido eurocético Movimento Cinco Estrelas, fundado pelo comediante Beppe Grilo. O partido conquistou mais de 30% dos votos nas duas câmaras do parlamento italiano, mas a sua vitória sem maioria pode vir a arrastar o país para a ingovernabilidade e trazer uma nova dor de cabeça para a Europa.

Segundo as últimas projeções, o bloco eurocético é o grande vencedor destas eleições. Em conjunto, os três partidos que questionam a legitimidade da União Europeia (Movimento Cinco Estrelas, Liga, Irmãos de Itália) conseguiram 54% dos votos. A possibilidade de os três partidos virem a assinar um acordo pós-eleitoral é elevada e alguns acreditam que este será um dos desfechos mais prováveis.

“Eu acho que é uma possibilidade, talvez até uma probabilidade”, considera Nathalie Tocci, diretora do Instituto Affari Internazionali, em uma entrevista à ‘Bloomberg’. “Em termos de programas, pode-se argumentar que há mais ideias que separam a Força Itália de Silvio Berlusconi da Liga do que o Movimento de Cinco Estrelas da Liga”, indica.

As projeções colocam o Partido Democrático de Matteo Renzi em segundo lugar, com pouco mais de 19% dos votos. A percentagem de votos é de tal maneira baixa que o antigo primeiro-ministro não tem grande margem para formar uma coligação de centro-esquerda, com o partido +Europa, que não foi além dos 2%. Já o bloco de centro-direita (Força Itália, Liga, Irmão de Itália e Nós Com Itália) conseguiu 35%.

Um dos grandes vencedores da noite é também Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga Norte, que reúne 18% das votações. O partido fez campanha contra imigrantes e muçulmanos e registou uma das maiores subidas de popularidade entre o eleitorado dos últimos anos.

Os resultados provisórios apontam já para dificuldades na formação de Governo em Itália. Até agora, nenhum dos partidos ou possíveis coligações reúnem um número suficiente de votos para avançar com um Executivo. Uma vez revelados os resultados oficiais das legislativas, a atenção muda-se para o presidente Sergio Mattarella, que está encarregue de entregar o mandato para governar.

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