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Eleições na Andaluzia: direita impõe pesada derrota à esquerda

Com o PSOE a descer, a esquerda perde a maioria. A ultra-direita da Vox consegue 12 deputados. PP, Ciudadanos e Vox alcançariam a maioria absoluta.
3 Dezembro 2018, 08h39

Numa altura em que as eleições começam a ser um  cenário cada vez mais próximo em Espanha, as eleições na Andaluzia não podiam deixar de ser um teste não só ao que os espanhóis pensam do governo socialista de Pedro Sánchez, como da correlação de forças entre os principais partidos do espectro político. E os ‘recados’ da eleitorado dificilmente podiam ser mais evidentes.

Numa autonomia dominada nos últimos 36 anos pelo PSOE, a Andaluzia inclinou-se para a direita com um peso sem precedentes. Embora os socialistas tenham ganho as eleições, a perda de 14 assentos em relação a 2015 torna essa vitória a mais amarga para a sua líder, Susana Díaz, que fica com quase nenhuma possibilidade de repetir o governo.

Os seus 33 assentos, juntamente com os 17 de Adelante Andalucía (a aliança entre o Podemos e a esquerda unida) ou aos 21 do Ciudadanos, estão longe da maioria absoluta (55). Os candidatos do PP, Juan Manuel Moreno (segundo com 26 deputados), e Ciudadanos, Juan Marín, já foram indicados para a investidura. E a ultra-direita da Vox conseguiu 12 lugares.

Susana Díaz promoveu as eleições regionais (deviam ser em março) para garantir estabilidade governativa, baseada em sondagens que lhe asseguravam uma vitória fácil. O resultado de ontem, no entanto, é um verdadeiro terremoto político. A baixa participação (58,65%, quase quatro pontos percentuais a menos que em 2015), o aparecimento da Vox e a ascensão do Ciudadanos puseram fim à hegemonia do socialismo e da esquerda na comunidade.

Naquela que foi provavelmente a noite mais triste de sua carreira política, Diaz reconheceu a derrota da esquerda e do seu partido, mas tentou afirmar o seu triunfo para lançar uma brecha contra os partidos constitucionalistas e instá-los a mostrar se estão dispostos a lidar com a extrema-direita. “Apelo às forças constitucionalistas: vamos parar a extrema-direita na Andaluzia. Eu, pelo menos, vou tentar”, disse.

Mas os planos do PP e do Ciudadanos parecem ir por outro caminho. Os populares obtiveram o segundo pior resultado de sua história em percentagem de votos e caíram em quatro anos, de 33 para 26 cadeiras. No entanto, não terem sido superados pelo Ciudadanos é de algum modo uma vitória.

Juan Marín, o candidato do Ciudadanos, que passa de nove para 21 parlamentares. “A mudança chegou à Andaluzia”, disse, palavras que foram ratificadas mais tarde pelo seu líder nacional, Albert Rivera: “Vamos atirar com o PSOE para fora do poder”.

A baixa participação, a menor desde 1990, especialmente sentida em feudos socialistas como as províncias de Sevilha ou Jaén ou os municípios de Sevilha de Alcalá de Guadaíra ou Dos Hermanas, perturbou as expectativas do PSOE. Os socialistas perderam deputados em todas as circunscrições, que se escaparam para o Ciudadanos e não para o Adelante Andalucía.

Dificilmente os resultados da Andaluzia podia ser piores para as expectativas do PSOE nacional, que está há meses a gerir escândalos atrás de escândalos, sem conseguir afirmar-se como partido de governo. Os resultados da autonomia são disso prova.

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