Há jogadas tácticas audazes mas nem todas premeiam os corajosos. A primeira-ministra Theresa May arriscou uma cartada política e a 19 de abril surpreendeu o mundo quando à porta de 10 Downing Street anunciou que iria convocar eleições antecipadas para 8 de junho. Mas pode a líder britânica estar a correr o risco do antecessor, David Cameron, e o ‘bluff’ sair-lhe caro?
A menos de uma semana das eleições no Reino Unido as sondagens apontam que o Partido Conservador pode não conseguir uma maioria absoluta. O Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn parece ter ‘ressuscitado’ da estagnação que lhe havia sido vaticinada e tem ganho terreno.
Quando em abril, Theresa May convocou, três anos antes do previsto, eleições, justificando a decisão com a necessidade de reforçar a estabilidade do país, as sondagens e as taxas de aprovação deram-lhe o ímpeto para arriscar a jogada táctica. O objectivo passava por aumentar os lugares do Partido Conservador no Parlamento e legitimar o poder. Uma vitória dar-lhe-ia sobretudo um reforço de autoridade para conduzir as negociações para o acordo do Brexit com a União Europeia (UE).
O cenário era-lhe favorável: no dia após o anúncio uma sondagem apontava que apenas 23% dos britânicos votaria no Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, quase metade das intenções de voto conseguidas pelo Partido Conservador que reunia 50%, com Corbyn com uma taxa de aprovação menor do que a do seu próprio partido (14%).
No entanto, a popularidade do líder trabalhista tem subido durante a campanha enquanto a de May tem afundado.
A chefe do executivo assumiu o poder após o seu antecessor David Cameron apresentar a demissão. Ao fim de seis anos a liderar os destinos do Reino Unido, o conservador passou o testemunho a May após os resultados no referendo que ditou a saída do país do projeto de construção europeia.
À semelhança da primeira-ministra, Cameron ensaiou uma cartada política que parecia controlada. Prometeu em 2013 um referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia até 2017, caso fosse eleito para um segundo mandato em maio de 2015. O Partido Conservador perdia terreno para o UKIP enquanto dentro do próprio partido algumas vozes eurocépticas se manifestavam.
A herança política de Cameron ficou para a história do Reino Unido e da União Europeia. O ex-primeiro-ministro britânico convocou o referendo para 23 de junho e o cenário que o ex-líder conservador não esperava, aconteceu: 52% dos britânicos votaram pelo ‘sim’.
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