A vitória confortável de Boris Johnson, obtendo a maioria para os Conservadores do Tory Party, foi um sinal claro dado pelos cidadãos britânicos: querem mesmo sair da União Europeia e reafirmam de forma absolutamente inequívoca o resultado do referendo anterior, demonstrando que rejeitam veementemente o caminho de base marxista que foi a base do programa apresentado por Corbyn e os Trabalhistas.

Temos, portanto, agora o Brexit como uma inevitabilidade e há que começar a pensar nos efeitos que essa saída terá para o projeto e a economia europeias. Como escreveu há uns dias Henrique Burnay: “Vêm aí negociações. Agora é a economia que conta”. E como fez notar o HSBC, num relatório especial que emitiu na sequência das eleições, pelo menos a curto prazo o desaparecimento da incerteza até teve um efeito positivo para os mercados, sendo que o banco subiu a sua recomendação para os investidores no que toca à alocação tática de ativos no Reino Unido.

Para compreender o pensamento e a atitude do primeiro-ministro eleito é de leitura recomendada o artigo que o próprio escreveu logo na madrugada da vitória para a “Spectator”, a revista de que foi diretor, intitulado “Talvez a minha campanha tenha sido estrepitosa. Mas, às vezes, o estrépito é o que é necessário” (‘clunking’, no original). Nesse artigo, o novo PM britânico descreve um futuro de consenso e uma missão comum, integrando os objetivos dos Remainers e dos Trabalhistas, chegando mesmo a falar de “um novo e caloroso pró-europeísmo”. “É positivo e sensato desenvolvermos relações estreitas com a UE”, salienta Boris. “Podemos fazer isso e curar as divisões do nosso país”.

Por detrás do otimismo de Johnson, no entanto, está ainda uma série de desafios por vencer. E um deles, bastante significativo, é o de revigorar a economia do Reino Unido. Apesar das restrições fiscais e do baixo crescimento relacionado com o Brexit, os baixos níveis de produtividade e os atritos existentes ao nível do comércio mundial. Uma coisa é certa: os próximos meses – ou talvez todo o próximo ano – continuarão a servir de teste à capacidade política e diplomática do PM britânico, o qual estará dividido entre as negociações com a UE e o diálogo com os nacionalistas escoceses e com os irlandeses do Norte, indispensável para assegurar a coesão do Reino Unido fragmentado por vontades independentistas.

Entre janeiro e junho de 2021, Portugal assume a presidência rotativa do Conselho da UE. Será uma altura ideal para ajudarmos na recomposição das ligações entre o Reino Unido, a União e os EUA. Como país atlantista, cabe ao nosso Governo contribuir fortemente para a relação fulcral a manter entre Europa e EUA e, com o Reino Unido, trabalharmos em conjunto para encontrar um modelo renovado de colaboração multilateral. Espero bem que, nesse momento, estejamos à altura do desafio que nos será colocado.

 

Cristina Bernardo

Apresentado o OE, uma coisa é certa: praticamente tudo será mais caro e a carga fiscal – mais uma vez e quando parecia impossível – irá ao que tudo indica continuar a subir. O Governo socialista quer o agravamento da tributação sobre vários impostos, cria outros que não existiam e insiste teimosamente nas cativações. A ver vamos como decorrerão as negociações ao nível parlamentar.