A percentagem de energias renováveis usadas no consumo final de energia em 2020 foi de 34,1 por cento, segundo dados divulgados este mês pela Agência para a Energia (ADENE).

Este valor ultrapassa a meta de 31 por cento da diretiva comunitária de 2020, mas mostra-nos o caminho que há ainda a fazer para alcançar o objetivo que Portugal definiu no seu PNEC – Plano Nacional de Energia Clima 2021-2030: atingir uma incorporação de renováveis de 47 por cento até 2030 no consumo final de energia.

A este nível não falamos apenas de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis – que está na linha da frente da descarbonização – mas do contributo dos transportes, dos edifícios e da indústria.

A quota de energias renováveis no consumo final tem registado uma evolução notável. Há dez anos, em 2011, o valor estava nos 24,6 por cento. Chegámos a 2020 nos 34 por cento, o que significa que será necessário dar um salto de 13 por cento até 2030 que exigirá um grande esforço em inovação para levar as energias verdes a todos os setores de atividade.

A ADENE justifica esta evolução registada em 2020 com a redução de consumos de combustíveis de origem fóssil e com a substituição da produção termoelétrica fóssil pela produção de eletricidade renovável.

Há muito que a produção de eletricidade faz o seu caminho rumo à descarbonização. No primeiro semestre de 2021, segundo dados da APREN, as renováveis representaram 71,3 por cento do consumo. A hídrica foi a fonte mais expressiva, com 36 por cento, seguida da eólica com 26 por cento, da biomassa com 6,5 por cento e da energia solar com três por cento. Ainda assim, os combustíveis fósseis  mantiveram um peso de 28,7 por cento.

A eletrificação de alguns consumos energéticos, nomeadamente nos edifícios, é uma das formas mais rápidas de acelerar e incrementar a taxa de descarbonização da economia e da sociedade, desde e sempre que as fontes de produção da eletricidade consumida sejam renováveis.

Mas é preciso não esquecer que a missão descarbonização acelerada apresenta obstáculos que requerem muito trabalho para serem devidamente ultrapassados, em outros setores, como a indústria. É neste domínio que pode justificar-se a eletrificação indireta por via do hidrogénio verde.

A ADENE revela ainda que o consumo de energia primária sofreu uma significativa redução, caindo de 22,1 Mteps, em 2019, para 19,0 Mteps, em 2020. No ano marcado pela pandemia, a quebra de consumo nos combustíveis fósseis, em particular dos combustíveis rodoviários, também se fez sentir devido à redução das deslocações efetuadas como consequência das restrições à mobilidade.

Esta tendência, entretanto, já se esbateu. Apostar também e intensamente na eficiência energética é uma estratégia incontornável para acelerarmos rumo à neutralidade carbónica que pretendemos alcançar, o mais tardar, em 2050.