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Empregos verdes são tendência no mundo laboral

Diretores de Recursos Humanos e líderes de várias empresas abordam panorama dos empregos “verdes” no mundo organizacional e concluem que esta é uma das etapas do caminho da sustentabilidade.
11 Junho 2022, 21h00

Ascendeu a 437 milhões de euros o valor arrecadado em investimento pelo ‘top’ 30 das fintech portuguesas em 2021, de acordo com dados do ‘Portugal Fintech Report 2021’, um número revelador do crescimento deste ecossistema entre os pares tecnológicos.

Podemos falar de um mercado em ebulição que acompanha as tendências do mundo laboral, com uma aproximação inevitável à sustentabilidade. E os empregos “verdes” surgem como uma das faces desse caminho.

Várias empresas já assumiram esse compromisso, entre as quais a Webhelp. Lina Jesus, Diretora de Recursos Humanos da Webhelp Portugal, sublinha que o grupo “inclui, há vários anos, empregos “verdes”, estando “já certificada com o selo RSE (equivalente ao ESG – Environmental, Social and Corporate Governance). “Temos uma equipa a nível global que se encarrega dessa questão, mas com representantes locais que se dedicam a fazer evoluir a empresa nesse sentido. O objetivo é, sobretudo, transformar esta filosofia em ações práticas e concretas, para cumprirmos os nossos valores e pilares ESG, ou seja, “More For People, More for Environmment, More for Governance, and Philantropy”, explicou a mesma responsável, acrescentando que essas profissões dizem respeito às áreas de suporte, acompanhadas pela área dos Recursos Humanos e de Comunicação.

A Kyndryl está atenta a essa “tendência”, com uma forte aposta na “transformação digital”, segundo a Diretora de Recursos Humanos da Kyndryl Portugal, Suzel Caldas, que indica que a empresa colabora “de perto com os clientes para potenciar a sua transformação digital”, olhando para a mesma como uma “porta de entrada para as empresas melhorarem a sustentabilidade”.

“É graças à transformação digital e à tecnologia que estamos a criar avanços que nos permitem ajudar o nosso planeta e as nossas comunidades”, continuou, fazendo referência ao upgrade para equipamentos mais eficientes em termos energéticos através de projetos de otimização da infraestrutura tecnológica”. Segundo Suzel Caldas, a Kyndryl também assumiu um compromisso “com altos padrões ESG (Environmental, Social, Governance)”, criando “oportunidades de formação interna” para os trabalhadores “adquirirem e aprofundarem outro tipo de competências “verdes”.

Maria Luísa Aldim, embaixadora da European Women Payments Network, considera que “a agenda “verde” está cada vez mais presente na consciência da sociedade e, por consequência, das empresas, em particular das empresas naturalmente digitais”, como as fintechs.

Quanto ao que o mercado procura, segundo a mesma responsável, “é comum, além dos habituais perfis de gestão, vendas e marketing, a procura de perfis capacitados para o desenvolvimento de novos produtos e serviços”. “E há falta no mercado de perfis como: Software Developer, FullStack JS Developer, Backend Engineer, Frontend Developer, Blockchain Developer, App Developer, Mid Node.js Engineer, Product Manager e Product Designer, entre tantos outros. As novas profissões nas fintech são cada vez mais científicas, orientadas para a análise de dados e para a especialização na diversidade da programação e tecnologia”, explicou.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) perspetivou, em 2018, “que as mudanças na produção e utilização de energia que precisamos de fazer poderiam levar à criação de cerca de 18 milhões de empregos na economia mundial”, recordou Victor Moure, Country Manager da Schneider Electric em Portugal.

“Isto será acelerado pela crescente consciência sobre a necessidade de agir para combater as alterações climáticas, a pressão dos mercados financeiros e da ESG sobre as empresas, e a urgência de nos descarbonizarmos e reduzirmos a dependência energética da Europa. Estamos já a ver que surgem muitas novas carreiras no campo das renováveis, o que tem um impacto altamente positivo não apenas na descarbonização, mas também na criação de empregos no geral. A energia criada através de elementos como as células solares fotovoltaicas, entre outros similares, abre um número maior de empregos criados por unidade de energia produzida do que a energia produzida através de fontes convencionais”, afirmou.

Por outro lado, Miriam Costa, membro do Workgroup Insurtech da AFIP – Associação FinTech e InsurTech Portugal, considera que “a verdadeira consciência verde está ainda a dar os primeiros passos e Portugal vai muito atrasado”.

“As evidências da natureza e os avanços no conhecimento científicos dos custos da nossa intervenção no planeta farão com certeza com que muitos empregos surjam nessa área”. Contudo, Miriam Costa alerta para uma “maior limitação da pegada ecológica das operações” nas Fintech, podendo “colocar entraves nas criptomoedas, cujos especialistas na geração foram claramente uma das profissões que surgiram e se ampliaram nos últimos anos”.

Segundo Miriam Costa, “salvo quando integrada na própria proposta de valor, a questão ‘verde’ não será ainda um foco nestas empresas nos seus próprios procedimentos internos”.

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