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Empresa portuguesa testa foguetões no centro aeroespacial na Guiana Francesa

O ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade já facturou mais de 11 milhões de euros nos vários projectos desenvolvidos no Centro Aeroespacial da Guiana e já tem atividade assegurada pelo menos até 2022.
9 Abril 2018, 18h21

A empresa portuguesa ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade inicia hoje uma missão empresarial ao Centro Aeroespacial da Agência Espacial Europeia (ESA) na Guiana Francesa.

Durante, esta missão empresarial, os engenheiros do ISQ irão testar diversos foguetões espaciais.

“O ISQ, no âmbito de um consórcio internacional, tem hoje uma equipa permanente na base aeroespacial em Kouru e tem vindo a participar em vários projectos da ESA – Agência Espacial Europeia”, revela o presidente do ISQ, Pedro Matias, que está a coordenar a referida missão empresarial.

“Começámos com um engenheiro, hoje temos uma equipa de sete pessoas e queremos crescer. Para isso, vamos estar esta semana em Kouru com uma equipa especializada para reuniões e detalhar alguns projectos e gizar perspectivas de futuro. Portugal tem todas as condições para crescer neste sector e o trabalho feito por várias empresas portuguesas é reconhecido internacionalmente como de excelência”, defende o presidente do ISQ.

O ISQ recorda, em comunicado que, na passada quinta-feira foi lançado com enorme êxito o foguetão ‘Ariane V’ (DSN-1/Superbird-8, HYLAS 4), o qual colocou em órbita mais de 10.000 quilos de carga útil numa órbita geoestacionária que inclui o suporte de dois satélites.

“O ISQ está presente na Guiana Francesa com equipas de controlo de qualidade e segurança e acompanha as operações, a preparação das cargas úteis e dos lançadores (foguetões). É a única entidade portuguesa presente, em permanência, no Spaceport de Kourou”, destaca o referido comunicado.

“Quer isto dizer que a engenharia portuguesa tem vindo a consolidar a sua presença e é hoje uma referência no Centro Espacial Europeu onde são lançados os foguetões de três sistemas: o Ariane 5, o Soyuz e o Vega. Este centro espacial tem uma quota do mercado mundial de satélites geoestacionários civis superior a 50%, o que significa que mais de metade dos satélites geostacionários colocados em órbita nos últimos anos tiveram o acompanhamento as equipas do ISQ”, acrescenta Pedro Matias.

Estes satélites orbitais destinam-se a assegurar serviços que vão desde as telecomunicações, ‘internet’ e observação da terra.

Portugal, através do ISQ, integra um consórcio Industrial (GIE – Grouping of European Companies), que “acabou de ganhar um contrato para montagem, integração e teste de foguetes no CSG, o que representa uma faturação superior a três milhões de euros”, acrescenta o presidente do ISQ.

Segundo a empresa, este contrato assegura as atividades da equipa do ISQ em Kourou pelo menos até 2022 e torna esta uma das áreas mais internacionalizadas da companhia.

Segundo refere Paulo Chaves, responsável no ISQ por esta área, “os especialistas em engenharia espacial de diferentes países estão em Kourou durante períodos médios de três a seis meses, porque as condições meteorológicas são difíceis de suportar naquela zona equatorial, mas os portugueses têm uma melhor capacidade de adaptação àquele tipo de clima e são provavelmente o grupo de engenheiros que tem tido uma permanência mais prolongada no centro espacial”, refere.

As línguas mais faladas – o francês e o português (do Brasil) também não são entraves para os portugueses.

Segundo o presidente do ISQ, “nos vários projectos que temos desenvolvido no Centro Aeroespacial da Guiana já faturámos mais de 11 milhões de euros, o que é notável para Portugal e na venda de serviços num sector como o aeroespacial”.

O ISQ tem também em curso um projeto de desenvolvimento de tecnologia, para a ESA, cujo objetivo é identificar alternativas aos revestimentos com crómio assim como integra um consórcio, liderado pela portuguesa Amorim Cork Solutions, que está a desenvolver uma cápsula que utiliza cortiça e que vai permitir recolher de forma mais eficaz e eficiente amostras em Marte.

Mas, refere Pedro Matias, “a nossa ambição nesta área é grande e queremos inovar através do desenvolvimento de novos projetos como por exemplo na área da ‘realidade aumentada’”.

“A possibilidade de utilizar a tecnologia de realidade aumentada para a realização de inspeções irá permitir uma redução do erro humano, maior rapidez no processo de decisão e menores custos operacionais, o que é uma enorme vantagem competitiva”, sublinha o presidente do ISQ.

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