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“Empresas e Governo têm de ter estratégias para fixar talento e garantir o bem-estar dos jovens”, diz presidente da ANJE

A Associação Nacional de Jovens Empresários espera em breve poder analisar e debater a fundo com o Governo as medidas que constam na carta de recomendações apresentada esta quarta-feira para melhorar a qualidade de vida e a carreira dos jovens portugueses.
15 Março 2023, 15h14

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) espera em breve poder analisar e debater a fundo com o Governo as medidas que constam na carta de recomendações apresentada esta quarta-feira para melhorar a qualidade de vida e a carreira dos jovens portugueses.

Alexandre Meireles disse ao Jornal Económico (JE) que a associação pretende que a carta chegue às mãos do primeiro-ministro, para que resulte na criação de um quadro fiscal menos penalizador para o rendimento dos jovens, que envolva a isenção parcial de IRS, incentivos à contratação ou benefícios em sede de TSU e a melhoraria dos programas de acesso à habitação.

O Encontro Nacional de Jovens, que decorre hoje e onde foi publicamente divulgada a missiva, conta com a presença do Executivo de António Costa, através do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, em representação da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.

Como funcionaria a plataforma digital para aceleração que sugerem? Consideram que não há resposta a esta necessidade nos inúmeros programas de aceleração em Portugal, corporate e das incubadoras dos municípios, por exemplo?

Há ainda uma larga margem para implementar novos programas que incentivem o empreendedorismo, facilitem e apoiem o acesso dos jovens à atividade empresarial e possibilitem a criação, consolidação e aceleração de projetos empresariais com potencial. Com a plataforma digital, queremos sobretudo desburocratizar, agilizar e otimizar a concretização e o desenvolvimento de planos de negócio, a partir do superlativo conhecimento e experiência que a ANJE tem na área do empreendedorismo jovem, de que foi pioneira.

Qual a sua opinião sobre o recente alargamento do programa de incentivos Empreende XXI?

Consideramos positiva a atualização das regras de apoio aos empreendedores candidatos ao programa Empreende XXI, que passa de 175 mil euros de investimento total para um montante máximo até 200 mil euros. Torna o apoio aos projetos mais amplo e consequente, promovendo o desenvolvimento de negócios em sectores emergentes e inovadores, cujas necessidades de financiamento são maiores. Por outro lado, passa a abranger empresas em fases muito iniciais de desenvolvimento, cobrindo assim um espectro maior de projetos e empreendedores.

Acha que ainda existe uma elevada “fuga de cérebros” do país?

A “fuga de cérebros” é uma realidade há muito sentida no nosso país, o que significa que não estamos a conseguir rentabilizar plenamente o investimento feito na formação. Portugal é hoje um exportador de talento. E isto acontece numa altura em que tanto necessitamos de recursos qualificados para a transformação económica e social do país. O talento tornou-se um dos principais fatores de competitividade num contexto económico intensivo em conhecimento, tecnologia e inovação.

Pelos estudos da Fundação Francisco Manuel dos Santos (2021) e do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (“Êxodo de Competências e Mobilidade Académica de Portugal para a Europa”) percebe-se que o emprego jovem em Portugal é mal remunerado, de baixa qualidade e pouco estável. Circunstância que potencia a emigração de recursos qualificados, leva a um subaproveitamento de competências e põe em causa a qualidade de vida, a realização profissional e a cidadania plena dos jovens portugueses, além de comprometer o desenvolvimento do país, tanto mais que Portugal se debate com um défice de potencial humano e está num processo de envelhecimento acelerado.

Qual é a solução?

Há que definir, quer nas empresas, quer no Governo, estratégias para fixar talento e garantir o bem-estar profissional e pessoal dos jovens. No caso das empresas, por exemplo, em teletrabalho, flexibilidade laboral, redução de horários, dias extra de férias, bónus, prémios de produtividade e assiduidade. Já o Governo deve implementar políticas de longo prazo para melhorar o emprego jovem, o que pode passar por novas modalidades contratuais, incentivos à contratação, redução fiscal sobre o trabalho e mais formação profissional. Importa criar um quadro fiscal menos penalizador para o rendimento dos jovens (isenção parcial de IRS, incentivos à contratação, benefícios em sede de TSU, etc.), bem como melhorar os programas de acesso à habitação, garantir boas condições para a natalidade e promover um ambiente de negócios que favoreça a iniciativa empresarial.

Defendem a criação de uma disciplina de literacia financeira e empreendedorismo nas escolas. Funcionaria a partir de que ano de escolaridade?

O mais cedo possível na formação das crianças e jovens. Deixamos a decisão sobre o ano de escolaridade mais adequado para os especialistas (pedagogos, professores, formadores…) e para as comunidades escolares.

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