Empresas que usam criptomoedas afastadas do Reino Unido

As instituições bancárias britânicas não estão a aceitar que empresas que utilizam criptomoedas abram contas no Reino Unido, temendo que o setor esteja pejado de criminosos e de esquemas fraudulentos.

Os bancos britânicos estão a impedir a abertura de contas por parte de empresas que lidam com criptomoedas, forçando-as a levarem os seus negócios para Gibraltar, Polónia ou Bulgária, ao mesmo tempo que levam alguns analistas a questionar a vontade de Londres ter um papel central no boom do setor fintech, afirma o Financial Times (FT).

O interesse de investidores em bitcoin e outras criptomoeadas tem aumentado exponencialmente após a subida abrupta dos preços no início deste ano, mas os bancos tradicionais estão a evitar ter ativos neste setor, por temerem que o mesmo esteja repleto de criminosos e vigaristas. “Ninguém nos deixa abrir uma conta bancária no Reino Unido”, afirma James Godfrey, responsável de mercado na BlockEx, uma plataforma para o câmbio de ativos digitais, incluindo criptomoedas, ao FT. O mesmo responsável refere que, para se manter em atividade, a empresa foi forçada a abrir conta na Bulgária. A mesma queixa revela Michael Hudson, CEO da firma de investimento em bitcoin Bitstocks: “É praticamente impossível conseguir uma conta bancária no reino Unido. Nós temos as nossas contas em Gibraltar e na Polónia, os locais mais estáveis para o efeito.”

A Autoridade de Conduta Financeira, que regula as mais de 56 mil empresas do setor no Reino Unido, revela-se preocupada que a relutância dos bancos em abrir contas para algumas empresas de fintech esteja a prejudicar a concorrência, uma vez que muitas start-ups não conseguem entrar no mercado. “Estamos preocupados que negar contas bancárias a alguns clientes levanta barreiras significativas à entrada [no mercado] e pode levar a uma fraca concorrência em alguns mercados”, afirmou o regulador.

O principal motivo para não aceitar estes clientes prede-se com o facto de as criptomoedas serem primordialmente utilizadas por criminosos, para trocar bens ilícitos na “dark web”, fruto da falta de regulação que existe na Europa no que respeita a esta atividade, ao contrário do que acontece em Gibraltar e no Japão, onde já foram criadas regras para estes mercados. Ao FT, um CEO de um banco afirma: “Quando se olha para a ‘dark web’, tudo o que se vê está a ser pago com criptomoedas (…) Não se sabe quem está a colocar ou a retirar dinheiro. Se essas criptomoedas forem parar ao Irão e nós estivermos envolvidos, fecham-nos a porta.”

O UK Finance, que representa os bancos britânicos, afirmou ao FT que “não existe nenhum regime regulatório para as moedas virtuais. São os bancos e os riscos que eles entendem correr que determinarão o seu envolvimento com as empresas que lidem com criptomoedas”. Da mesma forma, a Autoridade Bancária Europeia precisa de atualizar as regulações publicadas há mais de três anos, em que recomendava os reguladores nacionais a “desencorajar as instituições de crédito, pagamento e de e-money de deter, comprar ou vender moedas virtuais”.

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