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Entrada de novos operadores em Angola? Depende de como forem resolvidos desafios das empresas portuguesas, diz AICEP

Para Luís Rebelo de Sousa, administrador da AICEP, “a melhor forma de atrair novos investidores portugueses é acarinhar e robustecer as empresas portuguesas que já operam em Angola”.
26 Setembro 2023, 11h51

Luís Rebelo de Sousa, administrador da AICEP Portugal Global, marcou presença na conferência Doing Business Angola, organizada pelo grupa Media9, editora da Forbes Portugal.

Veja aqui a intervenção completa de Luís Rebelo de Sousa, administrador da AICEP Portugal Global, na conferência “Doing Business Angola”:

Evidenciando a forte relação económica e comercial luso-angolana, Luís Rebelo de Sousa refere acreditar que Portugal poderá ser um importante parceiro na futura entrada na Europa de bens produzidos com o selo feito em Angola.

No sentido inverso, o responsável da AICEP deixou um recado: “A participação de novos operadores económicos na política de diversificação económica de Angola dependerá em grande medida da forma como foram sendo resolvidos os desafios que encontram as empresas portuguesas já estabelecidas em Angola”.

Para o administrador da AICEP, “a melhor forma de atrair novos investidores portugueses é acarinhar e robustecer as empresas portuguesas que já operam em Angola”.

Potenciais investidores atentos às politicas públicas angolanas

Perante uma plateia de operadores económicos e membros governamentais, Luís Rebelo de Sousa lembrou que “os potenciais investidores estão atentos à situação dos que já ali investem [em Angola] e expectantes em relação aos efeitos das políticas públicas de caráter económico e comercial que estão a ser implementadas”.

Sobre este ponto, “gostaria de salientar que a presença empresarial portuguesa em Angola é notória em quase todos os quadrantes da economia angolana. Estima-se que mais de 1200 empresas com capital português ou misto possuem atividade em Angola, em domínios tão diversos e importantes como a construção civil e infraestruturas, o agro-alimentar, o agro-industrial, a banca, os seguros, a metalomecânica, as tecnologias de informação e comunicação, a energia, a saúde, o transporte e a logística”.

Portugal poderá ser importante parceiro na entrada na Europa de bens produzidos em Angola, realça AICEP.

Estas empresas – declara Luís Rebelo de Sousa – “criam muitos milhares de empregos, diretos e indiretos, formam capital humano e geram riqueza partilhada assente no trabalho, um elemento que é essencial para a dignidade das pessoas e para a prosperidade dos países”.

Para os empresários portugueses, o administrador da AICEP deixou “uma palavra de reconhecimento pelo excelente trabalho que têm desenvolvido neste país irmão, contribuindo para o desenvolvimento económico, para a criação de emprego, formação de quadros angolanos e para o dinamismo das relações bilaterais. Foram empresas que permaneceram em Angola durante o período da pandemia e continuam a produzir por vezes em condições muito difíceis”.

“As autoridades e as empresas portuguesas estão atentas às políticas e programas que estão a ser implementados pelas autoridades angolanas”

Logo a seguir às empresas angolanas, as empresas portuguesas são – realça Rebelo de Sousa –“as destacadas na aquisição dos ativos nacionais angolanos que têm vindo a ser privatizados pela Sonangol e pelo Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE). Esta é uma evidência do nosso compromisso com Angola”.

“As autoridades e as empresas portuguesas estão atentas às políticas e programas que estão a ser implementados pelas autoridades angolanas, no âmbito da sua iniciativa de diversificação económica, para se tornar num país mais resiliente e menos dependente do setor petrolífero. A publicação da estratégia de longo prazo para 2050 do Plano de Desenvolvimento Económico Nacional, os programas de desenvolvimento em curso em diversos setores, como a pecuária, pescas, plano de privatizações são elementos importantes para os operadores económicos portugueses que desejam abordar o mercado angolano”.

Na parte final da sua intervenção, o administrador da AICEP enalteceu a colaboração entre a AICEP e a AIPEX Angola, deixando um reconhecimento público do trabalho que tem vindo a ser realizado pelo governo angolano “com vista a alterar o seu modelo de desenvolvimento económico e melhorar o ambiente de negócios do seu mercado e do mercado da CPLP”.

“Que se concretizem muitos e bons negócios” foi o desejo deixado por Luís Rebelo de Sousa.

Luís Rebelo de Sousa, administrador da AICEP Portugal Global, entende que há uma “confiança mútua que permite reforçar as relações bilaterais” entre Angola e Portugal, dando alguns dados estatísticos que comprovam esse ambiente: “Em 2022, as exportações de bens e serviços de Portugal para Angola ultrapassaram a barreira dos dois mil milhões de euros, um aumento de 57,4%. Do ponto de vista das exportações com origem em Angola, registou-se um aumento de 367,5% quando comparado com 2021. Nos primeiros quatro meses de 2023, as exportações de bens e serviços de Portugal para Angola atingiram 774M€, mais 85M€ do que no período homólogo do ano anterior, um incremento de 12,3%. De janeiro a maio, as exportações de bens portugueses para Angola cifraram-se em 594M€, significando um aumento de 15,6%”.

O responsável da AICEP destaca o facto de Angola ocupar a nona posição na tabela dos principais clientes de Portugal, sendo ainda o seu 42º maior fornecedor.

Importante polo de negócios, Angola “é o 3º mercado exportador para exportações extra-comunitárias mais importante para Portugal, apresentando-se como o nosso parceiro mais relevante nos Países Africanos de Língua Portuguesa”, indica Rebelo de Sousa.

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