Hoje-em-dia 3,6 mil milhões de pessoas, o equivalente a cerca de metade da população mundial, vive em áreas com potencial escassez de água durante, pelo menos, um mês por ano. O número poderá ultrapassar os 5 mil milhões em 2050.
Por essa altura, estima-se que a procura mundial de água potável atinja os 5,5 mil km3 ou 6 mil km3/ano. O uso de água doce ronda, atualmente, os 4,6 mil km3/ano. O número esconde, no entanto, grandes disparidades locais e regionais, pois há regiões onde a água é abundante e outras onde está perto do limite.
O problema da água é acompanhado com preocupação pelas Nações Unidas, que convocam a comunidade internacional à ação, com a iniciativa “Década Internacional para a Ação: Água para o Desenvolvimento Sustentável (2018-2028)”. O objetivo é promover novas parcerias, melhorar a cooperação e fortalecer a capacidade de implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
“As razões da escassez mundial são bem conhecidas: os recursos de água doce estão continuamente sob a pressão combinada do crescimento populacional, da mudança climática, do aumento exponencial do consumo e da expansão de estilos de vida que desperdiçam recursos”, explicou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, na apresentação da iniciativa.
Segundo a ONU, 80% das águas residuais retornam para os ecossistemas sem serem tratadas, o que ilustra bem o desperdício em que vivemos. “Esses processos levam à degradação dos ecossistemas, o que acentua ainda mais os desequilíbrios ecológicos e a escassez hídrica”, alertou Azoulay.
Na linha da frente desta alarmante situação está a Cidade do Cabo. A segunda cidade da África do Sul poderá ser a primeira grande urbe mundial a conhecer o fim da água potável. O dia zero esteve previsto para 12 de abril de 2018, mas conseguiu ser empurrado quase dois meses, sendo agora apontado para 4 de junho. Nesse dia, as reservas de água terão chegado ao fim e as torneiras ficarão secas.