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Theresa May: A menina de classe média que se tornou o rosto do Brexit

Séria e com um ar distante, a líder conservadora é descrita entre amigos como uma mulher afável, perspicaz e com sentido de humor. Ganhou notoriedade pelos seus discursos críticos e determinação. Mas a incapacidade de responder a questões como o terrorismo pode deitar por terra as suas intenções de obter maioria para concretizar o Brexit.
  • Mark Makela / Reuters
8 Junho 2017, 07h15

Tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra do Reino Unido depois do fim da era de Margaret Thatcher e desde então as comparações com a ‘Dama de Ferro’ multiplicam-se. Tal como a antecessora, também Theresa May nasceu numa família de classe média-baixa e esta parece seguir o modelo deixado por Thatcher, no que toca a determinação e a uma certa “frieza”, para liderar com períodos conturbados da história do Reino Unido.

Filha de um pastor anglicano e de uma professora, Theresa May aprendeu bem o verdadeiro sentido de compromisso. No pós-referendo que deu vitória à saída do Reino Unido da União Europeia e no rescaldo da demissão de David Cameron, assumiu a liderança interna do partido com mais votos do que todos os seus adversários juntos e encabeçou a decisão tomada por mais de 17 milhões de britânicos, apesar de ter feito campanha pela permanência.

Ostenta uma personalidade séria e distante, mas May é conhecida no seu círculo de amigos mais próximo pelo seu sentido de humor e o seu charme. Para mostrar a sua vertente mais afável junto da comunicação social, a líder do Partido Conservador divulgou uma série de fotografias pessoais, junto do marido, Philip John May, um banqueiro, que conheceu na Universidade de Oxford, enquanto frequentava o curso de Geografia.

A chegada à vida política deu-se na década de 80. De conselheira no bairro londrino de Merton rapidamente chegou a secretária-geral do Partido Conservador, tornando-se a primeira mulher a consegui-lo. Situada na ala mais à direita do seu partido, May ganhou notoriedade com os seus discursos críticos, que não poupava sequer o seu próprio partido.

Eleita primeira-ministra, Theresa May procurou desde logo unir o povo britânico em torno da sua causa, sob o argumento de que “Brexit significa Brexit” e, uma vez tomada, a decisão estava para se manter. Contudo, o resultado do referendo e as difíceis negociações com a União Europeia vieram intensificar ainda mais a divisão dos britânicos face ao futuro do país e, no Parlamento, a líder conservadora viria a conhecer sérios entraves a vários decretos para a execução do Brexit.

Nos últimos dias, Theresa May viu a sua imagem politicamente correta e meticulosamente cultivada ser manchada, depois de ter sido revelado que, enquanto secretária de Estado do Interior, reduziu de forma radical o apoio financeiro dado às autoridades britânicas. A notícia chega numa altura em que o Reino Unido se encontra a braços com inúmeros problemas de resposta à imigração e ao terrorismo e pode representar um sério golpe para a candidata, que se pretendia legitimar o seu mandato com estas eleições antecipadas, pode agora ver o seu mandato e a intenção de tornar o Brexit “um sucesso” escapar-lhe por entre os dedos.

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