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Especialistas em ‘medicina do habitat’ garantem que há muitas casas ‘doentes’

Estará a sua casa bem de saúde?
19 Setembro 2019, 13h00

São os ‘Dr. House’ da vida real e querem diagnosticar os problemas de saúde da sua casa. A ciência geoambiental, geobiologia ou medicina do habitat, estuda o impato dos ambientes interiores na saúde física e mental de quem os frequenta.

Já alguma vez lhe ocorreu que a parede onde a sua cama está encostada possa estar carregada de cabos eléctricos? E que isso esteja a interferir com o seu sono? Ou que a mesa de estudo do seu filho esteja sobre um ponto de tensão magnética e acabe por lhe comprometer a concentração?

Podem-lhe parecer situações que rapidamente se resolveriam com um café duplo pela manhã ou uma reprimenda na hora de estudo do seu filho. Mas o problema pode ser bem mais profundo e estar dentro de sua casa.

Há testemunhos de quem tenha sido mal diagnosticado durante anos. Joana Beirão, uma professora lisboeta de 40 anos, é um deles. Durante três anos sofreu de dores de cabeça frequentes que coincidiam sempre com a altura em que chegava a casa e melhoravam, consideravelmente e de forma gradual, ao longo do dia. “As manhãs eram um tormento. Acordava sem energia, cansada, mas tinha de ir para o trabalho. Não havia escapatória. Tomava café com umas gotas de limão e analgésicos nos dias piores e lá ia. Ao longo do dia, as dores de cabeça iam desaparecendo.“, conta.

Durante esse período de tempo, consultou três especialistas e todos lhe disseram o mesmo, que sofria de enxaquecas. “Deram-me uns comprimidos e a verdade é que a dor diminui-a, mas não passava totalmente.”, explica. Quando comprou casa com o marido, há cerca de dois anos, e deixou a antiga casa arrendada, Sara conta que nunca mais teve dores de cabeça.

Explica que “desapareceram como por magia” e que “não voltou a tocar na medicação” desde que se mudou.

A professora não consegue garantir que a casa onde vivia estava ‘doente’, até porque “não fazia ideia do que era a ciência geoambiental” e nunca procurou respostas nesse sentido.

Só no ano passado, quando uma amiga próxima me falou da medicina do habitat é que comecei a juntar as peças! Já vivia nesta casa [a atual] e não pude marcar uma ‘avaliação’ ao meu apartamento antigo mas fez-me todo o sentido aquilo que li e tudo o que aprendi sobre essa ciência”. 

Dores de cabeça, problemas de sono, alergias, dificuldades de concentração ou despertares nocturnos regulares são alguns dos sintomas mais comuns de quem vive numa casa afetada.

Uma crise alérgica pode ser apenas sinal de uma falha no sistema de ventilação ou da limpeza incorreta dos aparelhos de ar condicionado. As insónias e o cansaço matinal podem ser apenas uma consequência da posição da sua cama e não um problema fisiológico. Seja porque está encostada a uma parede carregada de radiações que interferem com o seu descanso ou porque a sua cama está localizada num cruzamento de linhas das malhas magnéticas causando aquilo a que chamam ‘tensão geopática’.

As malhas magnéticas, as linhas de Hartmann e a tensão geopática 

Nos anos 50, o cientista alemão Ernest Hartmann provou que existe um conjunto de linhas magnéticas paralelas à Terra, às quais apelidou de Linhas de Hartmann, que formam uma espécie de malha invisível à volta do planeta.

Estas linhas são poderosas fontes de energia e de intensidade magnética que, quando se cruzam, criam um ponto de tensão, a chamada ‘tensão geopática’ ou ‘stress geopático’. Quando algo está posicionado nesse ponto de encontro como, por exemplo, uma cama ou uma secretária, cria um desequilíbrio na energia terrestre e influencia o bem-estar e a saúde de quem habita nesses espaços.

A radiação magnética emitida por esses pontos de tensão são capazes de causar os mais variados sintomas, da falta de atenção à dificuldade de concentração, sem esquecer os problemas de sono, as dores de cabeça ou as insónias recorrentes.

Na verdade, o aumento da sintomatologia indoor e de doenças associadas ao longo dos anos, fez com que, em 1982, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse o Síndrome do Prédio Doente.

O prédio pode não estar doente, mas a sua casa sim

Para declarar um prédio como ‘doente’ é necessário que 20% dos seus habitantes apresentem sintomas associados à permanência no seu interior. Porém, isto não invalida que a sua casa não corra perigo: há casas doentes em prédios ‘saudáveis’ e é importante estar atenta aos sintomas mais comuns.

Para os geoambientalistas, o estudo do terreno, seja para procurar instalações elétricas antigas, águas subterrâneas ou falhas geológicas, o mapeamento das linhas magnéticas de uma habitação, de forma a evitar a colocação de mobília nos pontos de tensão, e uma revisão cuidada aos aparelhos eléctricos da casa, como o microondas ou o sistema de ventilação, são procedimentos chave para garantir que a sua casa é saudável e evitar problemas futuros.

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