Duas grandes corporações norte-americanas acabaram com o patrocínio de uma produção da obra de William Shakespeare, “Júlio César”, onde o líder romano é retratado como um homem loiro, de terno azul, inspirado no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A peça foi suspensa, depois de várias críticas por parte do filho do presidente, levando os patrocionadores a considerar que a produção “cruzou a linha dos padrões de bom gosto”.
Segundo avança o canal britânico BBC, a ideia da produtora Public Theatre era criar um Júlio César contemporâneo “magnético, populista e irreverente”, inclinado para “o poder absoluto”. Na tragédia de Shakespeare, encenada no Central Park de Nova Iorque, Júlio César é assassinado numa longa cena em que combate os seus opositores antes de sucumbir a múltiplos ferimentos de facada.
A comparação com a realidade é ainda maior se tivermos em conta que também a mulher de Júlio César, Calpúrnia, é inspirada na mulher de Donald Trump. A Melania Trump, a Calpúrnia da peça de teatro vai buscar as roupas de designer e o aparente sotaque eslavo.
Donald Trump Junior, o filho mais velho do presidente norte-americano, na rede social Twitter questiona “quanto é que dessa ‘arte’ é financiada pelos contribuintes? Pergunta séria, quando a ‘arte’ se torna em discurso político e será que isso muda as coisas?”
I wonder how much of this "art" is funded by taxpayers? Serious question, when does "art" become political speech & does that change things? https://t.co/JfOmLLBJCn
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) June 11, 2017
Em resposta às críticas levantadas, a Delta Airlines decidiu retirar o seu patrocínio da peça argumentando que esta “não reflete” os valores da companhia aérea. Também o Bank of America, que apoia a temporada de Shakespeare no Central Park há vários anos, manifestou a intenção de retirar o seu patrocínio.
“Júlio César pode ser interpretado como uma parábola de advertência para aqueles que tentam lutar pela democracia por meios antidemocráticos”, explica o diretor artístico da peça de teatro, Oskar Eustis, sublinhando que isto só mostra “o quão frágil é a democracia”.
Sem patrocinadores, a peça de teatro vai continuar em exibição no Public Theatre apenas até dia 18 de junho. Numa produção de Júlio César em 2012 pela The Acting Company, o líder romano foi inspirado no então presidente Barack Obama.
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