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Ex-extremistas unem-se para “desradicalizar” jovens jihadistas

Ao todo são mais de 450 antigos radicais que já se juntaram à causa e procuram através de “histórias e conexões humanas” para atrair pessoas para a sua causa. Na Europa já foram “reconvertidos” mais de uma centena de europeus e a expectativa é de que o número venha a aumentar no futuro.
  • Zohra Bensemra/REUTERS
28 Outubro 2017, 16h00

A verdade é um das primeiras vítimas do extremismo. Numa altura em que tanto se ouve falar em terrorismo e em organizações norteadas por princípios radicais, há uma organização que procura oferecer aos jihadistas um caminho diferente, numa tentativa “desradicalizar” os jovens que são atraídos por ideias que se vêm a revelar contraditórias. Ao todo já foram “reconvertidos” mais de uma centena de europeus e a expectativa é de que o número venha a aumentar no futuro.

Hannah, nome fictício de uma mulher britânica de ascendência indiana, conta à ageência ‘Bloomberg’ que se juntou ao grupo jihadista Hizb ut-Tahrir com apenas 18 anos, por indicação de um amigo chamado Rashad Ali. Embora não defenda o estabelecimento de um estado islâmico unificado, a organização apela à jihad e elogia os atentados contra os “infiéis” e Hannah reconhece que se deixou levar facilmente pela retórica belicista do grupo e se converteu ao islão.

A britânica assume que participou no recrutamento de outros membros para o grupo e começou a orientar diretamente 20 jovens radicalizados. “Basicamente passei por uma lavagem cerebral”, afirma. Anos mais tarde, desiludida com a ideologia extremista, começou a questionar abertamente o propósito do grupo e quais as táticas utilizadas. Foi então que, juntamente com Rashad Ali, decidiu deixar a organização fundamentalista.

Livres das doutrinas extremistas da Hizb ut-Tahrir, Hannah e Rashad Ali começaram a trabalhar “desradicalizar” jovens britânicos, oferecendo orientação tanto online como pessoalmente, através da Gen Next, uma organização sem fins lucrativos. A empresa indica que desde 2008 ajudou mais de uma centena de radicais europeus a abandonar a ideologia belicista e a adotar por novos caminhos, ao abrigo de um programa contra a violência e o radicalismo.

Em toda a Europa, 20 membros da Gen Next em tempo integral mais um conjunto de voluntários gravam vídeos anti-jihad e estudam potenciais alvos de programas de “desradicalização”. Cabe depois a ex-extremistas como Hannah e Rashad Ali introduzir o programa aos alvos destacados do programa. Ao todo são mais de 450 antigos radicais que se juntaram à causa e, como indica Hannah, procuram usar “histórias e conexões humanas”, tal como as organizações terroristas fazem no seu processo de recrutamento, para atrair pessoas para a sua causa.

A organização conta com financiamento e apoio técnico da Google e do Facebook, que tentam censurar as páginas das redes sociais e os serviços de troca de mensagens que procuram encorajar atos de terror em todo o mundo. O acesso às palavras-chave no motor de busca online permitem também traçar perfis e prever potenciais ataques e atacantes nos diferentes países, numa rebuscada operação contraterrorismo.

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