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Ex-motorista confessa: “Sócrates rebentava com o dinheiro todo com a vida que tinha”

João Perna revela ao Correio da Manhã que Carlos Santos Silva, fazia entregas de dinheiro semanalmente e que funcionava como um testa de ferro do antigo primeiro-ministro. Motorista diz ter receado questionar o patrão e que apenas se limitava a cumprir ordens.
9 Abril 2019, 10h06

João Perna, ex-motorista do antigo primeiro-ministro José Sócrates, assume que o único crime que cometeu foi trabalhar para o engenheiro. “O meu crime foi levantar-me todos os dias para ir trabalhar para aquele homem. Esse é que foi o meu verdadeiro crime”, revela em declarações ao jornal “Correio da Manhã”.

O ex-motorista não tem dúvidas de que o dinheiro por Carlos Santos Silva, era, na realidade, de José Sócrates, e que teve receio de confrontar o antigo primeiro-ministro. “Acha que ia perguntar-lhe: Ó senhor engenheiro, onde é que foi buscar este dinheiro e a que pretexto é que você me vai transferir dinheiro para minha conta?”, afirma.

João Perna, salienta também que Carlos Santos Silva funcionava como um testa de ferro de José Sócrates, a quem fazia entregas de dinheiro semanalmente. “Eu dizia-lhe: Senhor engenheiro, eu preciso de dinheiro para pagar a despesa do tabaco e dos jornais no quiosque” e a resposta era sempre “eu agora não tenho, não tenho”. “Mais tarde, o doutor Carlos chegava, entrava, ia lá acima. Mal o Carlos saía ele [José Sócrates] chamava-me lá acima e dizia: João, vai lá pagar a despesa”, conta o ex-motorista.

Ao “CM”, João Perna frisa que não guardava o dinheiro e que apenas se limitava a cumprir ordens. “Era o primeiro-ministro. Eu ia lá meter em questão alguma coisa”. Além de motorista, João Perna também pagava as contas de José Sócrates.

“Ele rebentava com o dinheiro todo com a vida que tinha e emprestava também muito dinheiro”, conta o ex-motorista, arguido no caso da Operação Marquês, que resultou na sua prisão e o levou a perder o emprego, mostrando-se revoltado para com o antigo primeiro-ministro, de quem começou a ser motorista em 2011. “Nunca meti em causa que aquela pessoa estivesse a mandar-me cometer algum crime. Fui arrastado nesta situação”.

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