[weglot_switcher]

Falta de mão-de-obra é pior em sectores que pagam salários mais baixos

A conclusão é da Confederação Europeia de Sindicatos: a falta de mão-de-obra que tem prejudicado as empresas europeias resulta, pelo menos, em parte dos baixos salários. Problema também é sentido em Portugal.
23 Maio 2023, 12h40

Os baixos salários são uma das razões que explicam a escassez de mão-de-obra que tem afetado as empresas europeias, no período de recuperação pós-pandemia. Quem o diz é a Confederação Europeia de Sindicatos (ETUC), que, num estudo divulgado esta terça-feira, realça que os sectores mais afetados pela escassez de talento pagam 9% menos do que o salário médio das atividades que estão a ter menos dificuldades no recrutamento.

“Os empregadores precisam de disponibilizar empregos com salários melhores para acabar com a prejudicial falta de mão-de-obra viva na Europa”, apela a ETUC esta manhã.

Na análise, que teve por base as vagas de emprego e os salários oferecidos em 22 dos países da União Europeia, conclui-se que, na generalidade do bloco comunitário, os sectores que registam faltas de trabalhadores mais graves são os mesmos que pagam ordenados menos competitivos: garantem vencimentos 9% abaixo daqueles que têm tido maior facilidade em recrutar trabalhadores.

Mais, em 13 dos 22 países analisados, os sectores onde a escassez de talento se agravou mais entre 2019 e 2022 são aqueles que disponibilizam salários menos expressivos.

Perante estes dados, a Confederação Europeia de Sindicatos entende que o que tem sido justificado com a falta de trabalhadores com competências adequadas pode estar a ser, em alternativa, causado pelos baixos baixos.

Assim, no congresso do ETUC que arrancará esta terça-feira, será defendido que os Governos deveriam apoiar os reforços dos salários, ajudando nomeadamente os sindicatos a aumentar a cobertura da negociação coletiva.

Por cá, os sindicatos também têm chamada a atenção para a necessidade de reforçar os salários. E na Concertação Social foi celebrado um acordo que prevê a subida não só do salário mínimo nacional, mas também dos ordenados dos trabalhadores do privado.

Ainda assim, e apesar dos efeitos da guerra, as empresas continuam a queixar-se de falta de mão-de-obra com as competências desejadas. A imigração, dizem os especialistas, pode ser uma das chaves, mas é preciso promover, defendem, a entrada do talento adequado às necessidades dos empregadores ou a chegada dessas mãos não será a solução esperada.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.