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Famílias perderam até oito biliões de dólares de riqueza só em 2022, segundo McKinsey

No novo relatório a consultora analisa quatro cenários para a inflação, taxas de juro e crescimento até 2030, e considera as suas implicações para o setor imobiliário, as ações em bolsa e a dívida.
20 Julho 2023, 13h01

A instabilidade económica sentida entre o aumento da inflação e a subida das taxas de juro por parte dos bancos centrais levaram as famílias a perder até oito biliões de dólares só no ano passado. A conclusão é do estudo “The future of wealth and growth hangs in the balance” da McKinsey Global Institute.

“O crescimento do balanço global, ou seja, o equilíbrio entre a riqueza e a solidez económica (analisando os ativos e passivos das famílias, empresas, governos e instituições financeiras), acelerou ainda mais com a pandemia, com 3,40 dólares de dívida adicional por cada dólar de investimento líquido em 2020 e 2021”, constata a McKinsey num novo estudo.

Além disso, no final de 2022, “a instabilidade económica mundial já era evidente, com as famílias a perderem até oito biliões de dólares de riqueza só nesse ano”.

A McKinsey revela quatro cenários possíveis, entre os quais um apoiaria um crescimento económico sustentável a longo prazo, todos eles pouco otimistas. Num dos cenários, intitulado “regresso ao passado”, a volatilidade poderá ser temporária e a expansão dos balanços retomada, uma vez que a poupança voltaria a fazer subir o preço dos ativos existentes em vez de ser canalizada para investimentos produtivos.

Num outro cenário apelidado de “maior durante mais tempo”, o crescimento pode abrandar com uma inflação e taxas de juro persistentemente elevadas, assemelhando-se à economia dos EUA após a crise petrolífera da década de 1970.

O estudo salienta, ainda, que há uma preocupação crescente com a consolidação da inflação. No entanto, um regresso a duas décadas de baixo investimento, baixas taxas de juro e excesso de poupança, com o consequente abrandamento do crescimento do PIB, aumento da desigualdade e do balanço global, também não parece ser o melhor cenário, defende a McKinsey.

Por outro lado, o relatório apresenta um cenário de reset, semelhante à situação no Japão após rebentar a sua bolha imobiliária e de ações em bolsa na década de 90, com uma “desalavancagem” prolongada e uma forte contração dos preços dos ativos. “Por exemplo, o valor das ações em bolsa e do imobiliário nos EUA poderá cair mais de 30% até 2030”.

De longe, o mais desejável dos quatro cenários é o de “aceleração da produtividade”, no qual o crescimento económico atinge a estabilidade entre riqueza e a solidez económica. Apenas neste cenário se combina um forte crescimento do rendimento, da riqueza e da solidez da economia mundial, refere o McKinsey Global Institute (MGI).

A aceleração do crescimento da produtividade “exigirá também que se contrariem os aspetos negativos de uma força de trabalho envelhecida e de cadeias de abastecimento mais complexas, através de um investimento direcionado para aproveitar o valor da tecnologia e do capital humano”, refere a MGI.

“Se os líderes empresariais e públicos canalizarem mais investimentos para a aceleração do crescimento da produtividade, isso pode levar a um resultado em que o rápido crescimento do PIB melhora a riqueza e a solidez da economia global”, defende a consultora.

Olivia White, sócia sénior e diretora do MGI, diz no comunicado que “a turbulência dos últimos tempos é um choque para o sistema após décadas de aumento da riqueza em papel e da dívida. Estamos a entrar numa era que pode ser muito diferente dos últimos 20 anos que moldaram a intuição da atual geração de líderes empresariais”.

“A diversidade de caminhos possíveis a longo prazo é invulgarmente ampla, pelo que exige um pensamento a longo prazo e um planeamento de múltiplos cenários: já não será suficiente reagir às mudanças no ambiente macroeconómico”, acrescenta.

De acordo com o estudo, o impacto diferencial dos cenários na produção económica é enorme, mas as consequências para a riqueza global e a solidez económica mundial são ainda maiores.

“Um realinhamento deste cenário nos Estados Unidos reduziria o PIB per capita em 1,7% do crescimento médio anual do PIB, num contexto de aceleração da produtividade. A riqueza total das famílias americanas sofreria uma redução de 48 biliões de dólares”, avança o estudo.

“No pior dos cenários, o endurecimento das políticas e o aumento da incerteza poderiam desencadear um realinhamento da riqueza e da estabilidade económica, eliminando 30 biliões de dólares de riqueza em papel só nos Estados Unidos. Muitos ativos financiados por dívida acabariam sufocados, levando a uma década marcada por um difícil efeito de desalavancagem”, antevê o MGI.

“Mas uma aceleração da produtividade é possível, e mais urgente do que nunca”, defende o McKinsey Global Institute.

Por fim, a análise do MGI sustenta que os decisores terão de colocar a sua imaginação à prova para se prepararem para todos os cenários possíveis, com uma forte determinação em tomar decisões para obter os melhores resultados.

“Acelerar a produtividade é essencial para salvaguardar a solidez económica, o balanço global e a riqueza do mundo”, é a conclusão mais relevante da McKinsey Global Institute no “The future of wealth and growth hangs in the balance”.

O estudo revela que “a inflação dos preços dos ativos nas últimas duas décadas criou cerca de 160 biliões de dólares em ‘riqueza de papel’; à medida que o crescimento económico abrandava, a desigualdade aumentava e cada dólar investido gerou 1,90 dólares de dívida”.

No entanto, de acordo com o McKinsey Global Institute (MGI), o ramo de investigação económica e empresarial da McKinsey & Company, as atuais oscilações no sistema financeiro podem indicar uma mudança duradoura na forma como o mundo empresta, pede emprestado e cria riqueza.

No novo relatório a consultora analisa quatro cenários para a inflação, taxas de juro e crescimento até 2030, e considera as suas implicações para o sector imobiliário, as ações em bolsa e a dívida.

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