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Federação e Sindicato dos Médicos “revoltados” e “indignados” com a falta de transparência nos critérios de vacinação

Face ao alargamento dos grupos prioritários que serão vacinados na primeira fase contra a Covid-19, a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos criticam os critérios de vacinação, alertando que os profissionais de saúde devem ser priorizados. “Menos de um terço destes profissionais foram vacinados”, alertou Jorge Roque Cunha.
  • José Coelho / Lusa
28 Janeiro 2021, 15h58

A Federação Nacional dos Médicos considera “preocupante” que os critérios de vacinação contra a Covid-19 não estejam a ser respeitados, uma vez que foram contabilizadas “centenas de denúncias de médicos” que caracterizam o processo como “desorganizado e pouco transparente”.

Em conferência de imprensa conjunta, esta quinta-feira, com o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães e o Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, Noel Carrilho confessa que é “com espanto que constatamos que não tem havido um critério necessário para preservar o recurso escasso que é a vacina”.

“Esta preocupação estende-se para os médicos e profissionais de saúde do publico, privado e social”, esclareceu. “Sabemos de casos em que não foram tomados esses critérios em consideração e foram vacinadas pessoas sem essa prioridade”, acrescentou.

O responsável argumenta que a  prioridade no processo de vacinação são os profissionais de saúde, uma vez que estão na linha da frente no combate à pandemia que tem vindo a agravar-se em Portugal. “Não vacinar um profissional de saúde é arriscar que todos os doentes que estão dependentes desse medico fiquem sem essa assistência”, reforçou.

Já Sindicato Independente dos Médicos olha com “indignação” a gestão “meramente política” das distribuição das vacinas, considerando que numa altura em que a União Europeia se depara com uma falta de vacinas, se inicie “uma vacinação das pessoas com mais de 80 aos, de policias e bombeiros”. O responsável, deu como exemplo ainda a situação dos assessores do INEM e do presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz que foram vacinados mesmo não estando incluídos nos grupos prioritários.

“É perfeitamente lamentável o aproveitamento político que a ministra da Saúde e o Governo têm tido. Os profissionais de saúde têm que ser vacinados. Já tivemos três mil médicos infetados”, referiu Jorge Roque Cunha.

O responsável critica ainda os dados do Governo apresentados, esta quinta-feira, que davam conta que 57 mil profissionais de saúde já tinham sido vacinados, relembrando que existem mais de 145 mil trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde. “Se fizermos as contas, menos de um terço foram vacinados”, alertou.

“É perfeitamente irresponsável, inqualificável, que face ao que o Presidente da Republica disse sobre a pressão da pandemia, se faça um anuncio da vacinação com mais de 80 anos”, continuou. “É verdade que sempre defendemos isso, mas estamos a falar de 600 mil pessoas”, alertou, reforçando a ideia que  “da parte dos médicos há um sentimento de revolta” em relação à falta de vacinação.

“Não estamos a proteger os médicos, nem as nossas populações”, frisou.

Desde o dia 27 de dezembro, Portugal já vacinou 74 mil pessoas, sendo que dessas 57.500 foram profissionais de saúde (16 mil ainda só tomaram a primeira dose). Até março, o Governo espera vacinar 810 mil pessoas. Nessa altura, estarão vacinados (duas tomas) todos os residentes e profissionais de lares, metade do grupo de 600 mil pessoas com mais de 50 anos e comorbilidades, 120 mil profissionais de saúde, 21 mil elementos das forças armadas e de outros serviços críticos.

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