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Filho de Osama bin Laden promete vingar no Ocidente a morte do pai

Documentos apreendidos no complexo do Paquistão, onde o líder da organização terrorista Al-Qaeda morava, revelam que o seu filho, Hamza bin Laden, estaria a ser preparado para seguir as pisadas do pai.
15 Maio 2017, 12h27

Ali Soufan, o ex-agente do FBI, que liderou a investigação à Al-Qaeda, após os ataques do 11 de setembro, alerta que o filho do ex-líder talibã Osama bin Laden, Hamza bin Laden, pode estar pronto para se tornar o novo líder da organização terrorista e vingar a morte do seu pai. Em declarações ao programa ’60 Minutes’ do canal norte-americano CBS, Ali Soufan sublinha ainda o grupo não está extinto e que tem vindo a ganhar força e uma ideologia cada vez mais radical.

Segundo o ex-agente norte-americano, depois de Osama bin Laden ter sido assassinado pelas forças norte-americanas, em maio de 2011, a organização viu-se confinada a uma quase extinção. Para evitar o fim do fundamentalismo islâmico que pregoa, o grupo terrorista passou a nortear a sua estratégia para o longo prazo, passando a atuar de forma clandestina para não atrair as atenções do Ocidente e reorientando as suas atenções para o Médio Oriente.

Documentos apreendidos no complexo do Paquistão, onde Osama bin Laden morava, revelam que o seu filho estaria a ser preparado para seguir as pisadas do pai. “Considero-me forjado em aço. O caminho da jihad por Deus é o que vivemos”, pode ler-se nas cartas que o jovem, na altura com 22 anos, escrevia ao pai, que já não via há vários anos. “Lembro-me de cada olhar, cada sorriso, cada palavra que me disse”.

“Ele era aquele rapaz que exibia habilidades de liderança desde cedo. Era um rapaz-propaganda para a Al-Qaeda e para os seus membros, que foram doutrinados com vídeos de propaganda. [Hamza bin Laden] significa muito para eles”, afirma Ali Soufan, ao programa ’60 Minutes’.

Hamza bin Laden tem hoje 28 anos e, de acordo com Ali Soufan, pode vir a representar um verdadeiro perigo para o Ocidente dadas as suas pretensões de vingar a morte do país e retomar a antiga “grandeza” e influência da organização.

“Ele soa muito com o pai”, afirma Ali Soufan. “Ele basicamente quer que os norte-americanos saibam que eles estão a preparar-se. Ele quer vingar-se pela morte do pai, pela Guerra no Iraque e pelo Afeganistão. E quer que nós saibamos disso”.

O ex-agente dos serviços de segurança norte-americanos conta que a organização terrorista conseguiu nos últimos anos apoio em mais de uma dúzia de países e cresceu desde as revoluções da Primavera Árabe, no Médio Oriente e Norte de África, “desestabilizando regimes e criando vácuos de poder”.

“A Al-Qaeda está mais forte do que nunca. Eu não acredito que [Osama] bin Laden acreditasse, mesmo nos seus sonhos mais selvagens, que a organização iria um dia comandar tropas, terras e iria conseguir juntar milhares de pessoas em todo o mundo”, afirma Ali Soufan.

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