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Fitch emite avaliação ‘BBB’ para a NOS com perspetiva “estável”

A Fitch sublinha que a telecom portuguesa apresenta um “perfil financeiro estável e sólido, sendo uma das [empresas do setor] que mais desenvolveu a sua operação de cabo e altnets da Europa”. A agência norte-americana, no mesmo documento, fala do 5G e refere a possibilidade de o negócio que envolve a Nowo/Oni mexer no sector.
  • Presidente executivo da NOS, Miguel Almeida
6 Setembro 2019, 18h14

A Fitch emitiu esta sexta-feira uma nota de avaliação ‘BBB’ à Nos, com uma perspetiva “estável” a longo prazo, considerando ainda que “há uma falta de visão” no setor das telecomunicações quanto “ao cronograma e à forma” de como o espectro da quinta geração móvel (5G) vai ser atribuído aos operadores. Ainda assim, considera o sector “competitivo” e “racional”, classficando-o de “relativamente equilibrado”. A agência de notação financeira também salienta a hipotética entrada da espanhola MásMóvil em Portugal, com a compra de uma participação minoritária na Nowo/Oni.

Justificando a avaliação, a Fitch escreve que “o rating da Nos reflete a sua forte posição no mercado”, onde tem um perfil que combina indicadores de desempenho bem “estabelecidos e consistentemente positivos”. A agência de notação financeira norte-americana salienta que a operadora liderada por Miguel Almeida apresenta um “mix diversificado de receita, crescimento sólido e margem de crescimento”. Para a agência, a política financeira da Nos “combina” um compromisso de controlo da dívida com cobertura dos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA).

A Fitch sublinha que a telecom portuguesa apresenta um “perfil financeiro estável e sólido, sendo uma das [empresas do setor] que mais desenvolveu a sua operação de cabo e altnets da Europa”.

“A convergência é importante como é a velocidade da banda larga, com a Nos a liderar o mercado de banda larga fixa residencial e pay-tv [televisão por subscrição], é número dois em termos de serviços [convergentes por] pacote, segundo dados da Autoridade Nacional de Comunicações do ano de 2018. Apesar de ser terceiro player no negócio mobile, um mercado de três concorrentes, a sua quota de mercado é sólida e ronda os 25% em 2018. A empresa fornece indicadores de desempenho consistentes e, extraordinariamente, para um operador comercial grossista bem estabelecido, proporcionando um mix de negócios mais diversificado do que os seus pares”, resume a Fitch no perfil traçado sobre a Nos.

O país tem mais de dez milhões de residentes e “4,1 milhões de residências”, sendo que o setor das telecomunicações avança em termos de convergência de serviços, sendo que todos os principais operadores oferecem serviços convergentes.

Desta forma, a Nos, a Altice Portugal e a Vodafone Portugal têm um invetimento “avançado em fibra”. Portugal é classificado como o oitavo país da União Europeia que mais fibra tem a passar por residência. “A Fitch considera a estrutura de mercado competitiva, mas suficientemente disperso para apresentar risco limitado de comportamento predatório ou desestabilizador”, lê-se.

Quinta geração móvel
“Há uma falta de visão quanto ao cronograma e à forma do potencial leilão de espetro do 5G”. No mesmo documento, a Fitch analisa a implementação do 5G em Portugal, lembrando que “muitos países da União Europei já realizam leilões e, em alguns mercados, já foram lançados serviços a partir do 5G”.

“O resultado dos leilões oscilou amplamente, com países como a França e o Reino Unido, a dar prioridade e a incentivar o lançamento de serviços com base nos lucros dos leilões, enquanto em outros países, como em Itália, a opção passa por maximizar os lucros. A Anacom, o regulador de Portugal, já anunciou uma consulta pública, mas ainda não forneceu orientações sobre o cronograma ou em quais os moldes do leilão”, salienta a agência de notação financeira.

A previsão é de que o leilão ocorrerá em 2020, mas, sem certezas, a Fitch diz que “a falta de visão” é “inútil para o sector e para os invetidores”.

Um quarto operador?
A agência de notação financeira também salienta a hipotética entrada da espanhola MasMovil em Portugal, com a compra de uma participação minoritária na Nowo/Oni, aludindo à possibilidade de uma quarta licença para a rede móvel ser emitida pela Anacom na mesma altura do leilão do 5G.

Considerando uma estrutura no mercado móvel com três operadores e “presença limitada” de operadores móveis virtuais (MVNO), “não está claro se o regulador pode procurar conceder uma quarta licença, introduzindo um novo concorrente no mercado”. A Fitch diz que a operação que envolve a espanhola MasMovil “poderia representar um ponto de entrada no mercado português”.

“A MasMovil tem um histórico como concorrente racional do mercado”, sendo, segundo a Fitch, o quarto operador em Espanha. Contudo, “um novo participante no mercado português, embora não seja provável, traria um risco negativo à estrutura atual do mercado atual.

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