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‘Flashback’: Ben Bernanke, o drama da crise e a última vez que a Fed gritou ‘corta’

De uma descida da ‘federal funds rate’ a outra: dez anos, sete meses e quinze dias; nove subidas e três presidentes da Fed e dois dos EUA; recessão, estabilização, crescimento, guerra comercial e incerteza.
31 Julho 2019, 07h45

No pico da crise económica, a Reserva Federal norte-americana reagiu e surpreendeu os mercados ao baixar as taxas de juro para um intervalo entre 0% e 0,25%, a taxa mais baixa possível. A 16 de dezembro de 2008, o banco central decidiu cortar a taxa de juros diretora, numa decisão que não voltou a repetir até hoje.

A instituição, então presidida por Ben Bernanke, expressava o drama que se vivia na maior economia do mundo, três meses após o estrondoso colapso do Lehman Brothers. “Desde a última reunião, as condições do mercado laboral deterioraram-se, e os dados disponíveis mostram que os gastos de consumo, investimento empresarial e a produção industrial diminuíram”, referiu. “Os mercados financeiros continuam bastante tensos e as condições de crédito apertadas. Globalmente, as perspetivas para a atividade económica registaram um novo enfraquecimento”.

Nessa semana, o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou que a taxa de inflação anual tinha caído para 1,1%.  Num cenário de desaceleração económica, o banco central garantiu que iria “utilizar todas as ferramentas disponíveis para promover a recuperação sustentável do crescimento económicos e para preservar a estabilidade dos preços”.

O então presidente Barack Obama chamava a atenção para um plano de recuperação económica. “Estamos a ficar sem a munição tradicional que é utilizada durante uma recessão, que é uma diminuição das taxas de juro”, disse.

O democrata acabaria por ter razão. A partir de 16 de dezembro de 2008, a Fed manteve a federal funds rate inalterada durante seis anos. A 17 de dezembro de 2015, Janet Yellen, que em fevereiro de 2014 substituíra Bernanke, subiu a taxa de juro para um intervalo de 0,25%-0,50%.

Com a economia já recuperada, depois estável e forte, a Fed iniciava assim a normalização da política monetária, com mais uma subida em 2016, três em 2017 e quatro em 2018.

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a incerteza sobre o crescimento da economia global e as pressões de Donald Trump deverão levar à quebra desse ciclo esta quarta-feira, com os analistas a apontarem para uma descida na taxa de juro, de 25 pontos base para um intervalo entre os 2% e os 2,25%.

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