A União Europeia (UE) aprovou recentemente uma diretiva que visa separar aquilo que o mercado parece teimar em juntar: a sustentabilidade e o greenwashing – um anglicismo para o popular “vender gato por lebre”.

São gémeos tão profundamente falsos como difíceis de distinguir, seja por consumidores, investidores ou reguladores, devido ao fosso existente entre “as necessidades de informação dos utilizadores e as informações sobre sustentabilidade comunicadas pelas empresas”. O que naturalmente tem “consequências negativas significativas”, como a promoção de um “défice de responsabilização”, como (bem) sumariza a UE.

Para acabar com este estado de coisas, a directiva de “relato de sustentabilidade das empresas” (Directiva (UE) 2022/2464), comumente referida como CSRD (“Corporate Sustainability Reporting Directive”) entrou em vigor a 5 de Janeiro de 2023, cheia de viço activista, pronta para combater, a golpe de foice normativa, os défices e os fossos diagnosticados. Apresenta esta directiva um programa abrangente de modernização e uniformização do reporte que é (potencialmente) transformador. É um avanço único no contexto mundial – vale a pena sublinhar. Com a Europa a posicionar-se como líder indiscutível em matéria de sustentabilidade no palco global.

Mas atento à sabedoria popular que nos previne das “entradas de leão, saídas de sendeiro” e das tensões e incentivos que conheço bem nos muitos anos que vou acumulando nesta área, que são muito semelhantes em Portugal e fora, vou-me questionando: quais são as consequências práticas desta diretiva para as empresas portuguesas? A CSRD acabará de facto com o greenwashing alavancando o papel da inovação? Quais são as perspectivas dos vários stakeholders?

É neste “caldo de perguntas” que o dinâmico Nova SBE Innovation Ecosystem organizou a “Collision Talk” sobre o CSRD, no próximo dia 30 de março às 17h no campus da Nova SBE.

Aceitei o convite para participar neste “Collision Talk” porque se colidir significa embater, também significa encontrar, e neste tema da sustentabilidade precisamos disso mesmo. De encontrar e ligar perspectivas e respostas, mesmo que desencontradas, dos vários intervenientes e stakeholders, que vão estar também representados nesta conversa, sobre como o CSRD “pode criar confiança no mercado de investimento verde e o que diferentes partes estão fazendo para lidar e enfrentar a nova regulamentação”.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.