[weglot_switcher]

França: Macron inicia campanha à segunda volta admitindo que “nada está ganho”

Depois de os conservadores e os socialistas terem anunciado o apoio ao centrista, a campanha foca-se em conquistar o voto entre as classes sociais que votaram a favor da extrema-direita na primeira volta.
26 Abril 2017, 12h26

O candidato centrista, Emmanuel Macron, dá início esta quarta-feira à campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais em França, com o argumento de que apesar de ter vencido na primeira volta com 24% dos votos, nada está decidido. O foco de Emmanuel Macron são os 47 grandes distritos em que a líder de extrema-direita, Marine Le Pen, reuniu a maioria dos votos e procurar conquistar o eleitorado que se diz desiludido com o rumo atual das políticas em França.

Depois de os conservadores e os socialistas terem anunciado o apoio à campanha de Emmanuel Macron, o candidato concentra-se em conquistar o voto entre as classes sociais que votaram a favor da extrema-direita na primeira volta. São na sua maioria jovens entre os 18 e os 24 anos, à procura de um primeiro emprego, e trabalhadores com salários precários ou reformados com pensões pequenas.

Em confronto estão dois caminhos radicalmente diferentes: Emmanuel Macron que defende o livre comércio e uma política de coesão com a União Europeia, enquanto Marine Le Pen acredita que o progresso da economia francesa deve ser sustentado em medidas anti-globalização e anti-União Europeia. Ao protecionismo económico de Le Pen juntam-se as medidas anti-islão como forma de combater o terrorismo em França.

Apesar da derrota dos partidos tradicionais na primeira volta e do anúncio do seu apoio a Macron, há ainda que ter em conta que a direita de François Fillon é constituída por vários republicanos que se posicionam mais à direita do que as medidas anunciadas pelo candidato centrista, pelo que se teme que dentro do partido da direita as intenções de voto possam virar-se para a extrema-direita.

Além disso, há ainda a abstenção. O comunista Jean-Luc Mélenchon – terceiro mais votado na primeira volta – não anunciou ainda o apoio a nenhum dos candidatos que passaram à segunda volta e decidiu consultar primeiro os apoiantes do partido antes de formalizar uma decisão. A extrema-esquerda de Mélenchon representa 20% dos eleitores franceses, o que pode dar ao candidato que escolherem apoiar uma boa margem para a vitória na segunda volta.

“Nunca nada está ganho. Se as coisas estivessem ganhas, não teríamos visto o desfecho de outras eleições no estrangeiro”, afirma Emmanuel Macron, lembrando a imprevísivel vitória do Brexit no referendo de 23 de junho do ano passado ou do republicano Donald Trump nos Estados Unidos, de 8 de novembro.

A segunda volta das presidenciais francesas realiza-se a 7 de maio e, sem perder tempo, a candidata de extrema-direita iniciou campanha junto o povo francês logo no dia seguinte ao anúncio dos resultados da primeira volta, alegando que Macron é “fraco” na luta contra ao terrorismo islâmico.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.