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Frente Sindical da Altice marca greve para 21 de julho e admite providência cautelar para travar despedimento coletivo

Altice prepara um inédito despedimento coletivo de até 250 pessoas no grupo. Em protesto, seis das 12 estruturas sindicais que representam os funcionários da empresa concentraram-se hoje em frente à sede da dona da Meo, em Lisboa, onde anunciaram uma greve em julho.
  • Concentração de representantes dos sindicatos que compõem a Frente Sindical (SINTTAV, STPT; SNTCT, STT; Federação dos Engenheiros e SINQUADROS) e a comissão de trabalhadores da Altice Portugal, de protesto pela decisão da Altice Portugal de avançar com um despedimento coletivo
25 Junho 2021, 15h47

Os seis sindicatos que integram a Frente Sindical da Altice Portugal agendaram uma greve para o dia 21 de julho, de acordo com o que foi esta sexta-feira anunciado aos trabalhadores. A Frente Sindical também admite vir a avançar com uma providência cautelar para travar o despedimento coletivo de até 250 trabalhadores do operador de telecomunicações.

“Marcamos uma greve para o dia 21 de julho, com uma concentração”, revelou ao Jornal Económico (JE) o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do grupo Altice em Portugal (STPT), Jorge Félix, após a concentração de representantes sindicais em frente à sede da Altice Portugal, em Lisboa, que decorreu hoje entre as 12h00 e as 13h30.

Além do STPT, os representantes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT), do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), do Sindicato de Quadros das Comunicações (SINQUADROS) e da Federação do Engenheiros (FE), que constituem a Frente Sindical da Altice, realizaram uma concentração de protesto contra a decisão da gestão de Alexandre Fonseca de avançar com um despedimento coletivo.

A ação sindical serviu para anunciar aos trabalhadores a marcação da greve, por parte das seis estruturas que integram a Frente Sindical, mas também para anunciar o envio de uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, a pedir a intervenção do Governo tal como o JE noticiou na sua edição impressa desta sexta-feira.

“Pedimos uma reunião porque entendemos que a empresa está a culpar o próprio Governo, além das autoridades regulatórias, insinuando que o Governo também é responsável por ser conivente com a hostilidade que a empresa considera que tem sido criada. Ao acusar o Governo pelos despedimento, em última instância, estão a culpar do Governo. Nós entendemos que o primeiro-ministro, em nome do Governo, vai ter que falar connosco. E esperamos que perceba do que é que o Governo está a ser acusado e intervenha, não permitindo que este despedimento coletivo se concretize”, argumentou Jorge Félix.

As estruturas sindicais consideram que estão a ser usadas numa questão política. Por isso, as formas de protesto poderão não se limitar à greve marcada para 21 de julho. Segundo Jorge Félix, os sindicatos estão a equacionar avançar com uma providência cautelar contra a medida da administração da Altice Portugal, assim que o processo de despedimento coletivo for formalmente iniciado.

“A questão jurídica terá, naturalmente, que ser analisada. Sabemos que as pessoas estão a ser contactadas pela empresa, para negociarem uma rescisão por mútuo acordo. Esses trabalhadores não estão a ser informados se fazem parte da lista de funcionários alvo do despedimento coletivo. Aliás, a comissão de trabalhadores ainda não recebeu informação sobre isso, como manda a lei. Por isso, a possibilidade de meter uma providência cautelar só com o processo de despedimento coletivo em andamento. Mas estamos a analisar e, do ponto de vista jurídico, não deixaremos de fazer essa apreciação”, acrescentou.

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, informou os trabalhadores da empresa da intenção de avançar com um despedimento coletivo, a 22 de junho. O processo formal do despedimento coletivo avançará nos próximos dias, com a empresa a pretender privilegiar saídas voluntárias pela via negocial. Por isso, a administração da Altice Portugal acredita que o despedimento coletivo afetará, contudo, só cerca de cem funcionários, uma vez que há a possibilidade de fechar acordos de rescisão por mútuo acordo, com indemnizações mais vantajosas.

A medida foi justificada pelo CEO da Altice Portugal com o “ambiente regulatório hostil, a falta de visão estratégica do país, o contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G, bem como a má gestão deste dossier, e ainda as múltiplas decisões unilaterais graves da Anacom e de outras autoridades, sempre com a cobertura da tutela, e que ao longo dos últimos quatro anos destruíram significativamente valor”.

Os sindicatos e a comissão de trabalhadores foram informados da decisão logo no dia 22. Até ao momento, a comissão de trabalhadores ainda não tem informação detalhada sobre os trabalhadores que serão despedidos, as empresas a que pertencem e os critérios de seleção.

A medida apanhou todas as estruturas representativas dos trabalhadores da Altice de surpresa, cerca de três meses depois de em março a Altice ter acordado a saída voluntária de cerca de 1.100 pessoas, ao abrigo do Programa Pessoa.

Ao mesmo tempo que avança com um despedimento coletivo de até 250 trabalhadores, a Altice Portugal prometeu aos sindicatos reabrir o diálogo para uma nova revisão do acordo coletivo de trabalho, abrindo porta ao aumento de salários em todas as empresas do grupo Altice Portugal.

Segundo a Altice Portugal, há hoje 12.500 trabalhadores com um vínculo direto ao grupo, dos quais 5.500 foram admitidos nos últimos dois anos. No mesmo período, a Altice Portugal investiu 100 milhões de euros em saídas voluntárias e rescisões por mútuo acordo. Há três meses, o operador acordou a saída voluntária de cerca de 1.100 pessoas, ao abrigo do Programa Pessoa. O grupo conta hoje, direta e indiretamente, com um total de cerca de 17 mil trabalhadores.

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