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Global Risks Report 2018: Riscos ambientais renovam liderança

A natureza estrutural e interconectada dos riscos em 2018 ameaça o sistema sobre o qual as sociedades, as economias e as relações internacionais estão baseadas, de acordo com o Global Risks Report. Predominam os riscos ambientais 2º ano consecutivo.
17 Janeiro 2018, 09h00

A perspetiva de um forte crescimento económico em 2018 apresenta aos líderes uma oportunidade de ouro para lidar com os sinais de fragilidade severa em vários sistemas complexos que sustentam o nosso mundo, como as sociedades, as economias, as relações internacionais e o meio ambiente. E esta é a mensagem central do Global Risks Report 2018 publicado hoje pelo Fórum Económico Mundial.

O Global Risks Report 2018 foi desenvolvido, ao longo do último ano, com o apoio do World Economic Forum’s Global Risks Advisory Board. O Relatório reúne, como parceiros estratégicos, a Marsh & McLennan Companies e Zurich Insurance Group, bem como, enquanto consultores académicos, da Oxford Martin School (Universidade de Oxford), da Universidade Nacional de Singapura e do Wharton Risk Management and Decision Processes Center (Universidade da Pensilvânia).

O Relatório – que a cada janeiro partilha as perspetivas de especialistas globais e de decisores sobre os principais riscos que o mundo enfrenta – alerta que estamos a lutar para acompanhar o ritmo acelerado de mudança. Destaca várias áreas onde estamos a levar os sistemas ao limite, desde as taxas dos níveis de extinção da perda de biodiversidade até às preocupações crescentes sobre a possibilidade de novas guerras.

Ao Jornal Económico, Fernando Chaves, especialista de Risco da Marsh Portugal, sublinha que, os riscos ambientais “são, de longe, a maior preocupação levantada” pelo Global Risks Report de 2018. Contudo, o responsável também destaca o relevo, tendo em conta a elevada probabilidade e o alto impacto, dos eventos climáticos extremos, as catástrofes naturais, a falha na mitigação e na adaptação às alterações climáticas. Ao Top5 de probabilidade de ocorrência, juntam-se ainda os ataques cibernéticos e a fraude e roubo de dados.

Já em termos de impacto, o Top5 repete-se no que diz respeito aos riscos ambientais, no entanto, o risco de armas de destruição em massa ocupa a primeira posição, e o risco de crises de água ocupa o quinto lugar.

Questionado ainda sobre as mais notórias alterações nestes resultados, quando comparados com os do ano anterior, Fernando Chaves salienta, em termos de probabilidade, a substituição da migração involuntária e dos ataques terroristas de larga escala pelos ataques cibernéticos e a falha na mitigação e na adaptação às alterações climáticas, “que se ficaram a dever ao agravamento do risco destes dois últimos”, reforça o especialista.

Já no que respeita ao ranking de impacto, todos os principais riscos (cinco) se mantiveram, tendo a crise da água passado de terceiro para quinto lugar apenas porque, apesar de se ter agravado, os demais riscos registaram um aumento superior.

Impacto em Portugal

Apesar de se tratar de um relatório global, quisemos aferir o impacto destes resultados no nosso país. Para Fernando Chaves, Portugal tem sabido tirar partido deste período de recuperação pós-crise, investindo em áreas fundamentais, nomeadamente no turismo, dando uma resposta à altura da procura. “De todo o modo, a nossa economia não deixou de ser dependente do mercado externo e do investimento estrangeiro. Olhamos com preocupação para as políticas protecionistas e para a revisão dos tratados de comércio”, salienta.

Em seu entender, também o aumento da instabilidade social a nível mundial e o efeito que alguns fenómenos, como a contínua migração involuntária, permitiram o “ganhar terreno” de líderes disruptivos e de forças políticas populistas ou de extrema-direita em países de forte peso mundial. “Estes temas podem ter um forte impacto para Portugal, não só em termos económicos, pela imprevisibilidade que pode gerar no tecido empresarial, como também em termos sociais, pela eventual necessidade de acolher e dar condições de regresso aos portugueses emigrados em países que deixam de ser uma ‘oportunidade’”.

O especialista dá ainda nota de que, a nível interno, verificaram ainda que as organizações “devem tirar ilações dos últimos eventos naturais, seja em termos de fogos florestais, muito motivados pelo ano de seca e altas temperaturas, seja das tempestades cada vez mais recorrentes. Urje repensar no ordenamento e localização das empresas, bem como na capacidade das organizações conseguirem responder a este tipo de eventos”.

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