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Governo açoriano “fez o que tinha de fazer” para manter operação da Ryanair, diz Bolieiro

O executivo açoriano diz que existe um acordo para a Ryanair não abandonar totalmente a região e disse esperar que a companhia “honre o compromisso” assumido com o executivo, que passa pela redução dos voos a partir do próximo inverno.
29 Agosto 2023, 08h30

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou, na segunda-feira, que o executivo “fez o que tinha de fazer” para manter a operação da Ryanair para o arquipélago, rejeitando reagir a “comentaristas de circunstância”.

“O governo já esclareceu e não vou sucessivamente, perante comentaristas de circunstância, estar pouco a pouco a repetir a mensagem do governo. Na expressão da secretária regional foi dito que, da parte do governo, nós fizemos o que tínhamos de fazer”, afirmou Bolieiro, quando questionado pelos jornalistas sobre a operação da Ryanair para o arquipélago.

O líder do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), que falava em Ponta Delgada à margem da reunião da comissão de concertação social do Conselho Económico e Social, aludia às declarações da secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas na passada quinta-feira.

Naquele dia, Berta Cabral revelou que existe um acordo para a Ryanair não abandonar totalmente a região e disse esperar que a companhia aérea “honre o compromisso” assumido com o executivo, que passa pela redução dos voos a partir do próximo inverno.

Bolieiro reforçou que existiu um “entendimento” entre o Governo dos Açores e a companhia aérea, mas rejeitou comentar a “espuma dos dias”.

Em entrevista ao Jornal Económico o CEO da Ryanair, Eddie Wilson, tinha afirmado que a companhia aérea ia deixar de realizar voos para os Açores, no inverno, devido ao aumento de custos que se tem verificado quando outras regiões europeias estão a tentar atrair tráfego. Nessa altura Eddie Wilson tinha referido que a Ryanair já não estava a vender voos para a época que inverno que se inicia em novembro.

Ryan Wilson reivindicava na altura a reversão do aumento de 11% das taxas aeroportuárias, livrar-se da taxa de segurança, e o governo  arranjar algum tipo de incentivo que compense o fim do atual sistema ETS [taxas sobre as emissões] para as regiões ultraperiféricas. No fundo um apoio de 13 euros por passageiros para a Ryanair manter os voos para os Açores no inverno.

“O governo tudo fez, no que estava ao seu alcance, para deixar claro qual era a sua posição e o seu entendimento. Isso já foi dito desde a primeira hora. Não há nenhuma coisa por dizer por parte do governo porque a senhora secretária foi clara e objetiva nas suas declarações”, salientou.

O presidente do Governo Regional afirmou que é preciso “compreender as decisões autónomas das empresas privadas” e realçou que o executivo “não pode responder pelos privados”.

“Não vejo que isso seja, sequer, uma questão de dialética partidária que se possa fazer. Mesmo com empresários. Eles melhor do que ninguém compreendem a autonomia da decisão do negócio privado”, declarou.

No seu ‘site’, consultado na segunda-feira pela agência Lusa, a Ryanair não disponibiliza voos entre as ilhas de São Miguel e Terceira e o continente português a partir de novembro.

Na quinta-feira, Berta Cabral admitiu que o “entendimento parte de uma redução de voos”, mas rejeitou entrar em pormenores uma vez que as ligações ainda não estão disponíveis na plataforma da transportadora irlandesa.

No passado sábado, após as declarações da secretária regional, o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, exigiu ao Governo Regional esclarecimentos sobre o acordo com a companhia aérea Ryanair, considerando o assunto demasiado importante para ser tratado com “meias verdades”.

“Este assunto é demasiado importante, quer para as acessibilidades aéreas aos Açores, quer para o sector turístico, para ser tratado pelo Governo Regional como tem sido até agora, num embrulho de meias verdades e de meias palavras que só adensam, ainda mais, o clima de incerteza”, afirmou o socialista e antigo presidente do governo açoriano (2012-2020).

A 17 de agosto, a Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) considerou que o Governo Regional tem de tomar uma “atitude incisiva” sobre “a ameaça de abandono” da companhia aérea Ryanair da região, salientando o peso do turismo na economia local.

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