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Governo do Chile inicia procura de 1.162 desaparecidos durante a ditadura de Pinochet

Quase 50 anos após o golpe contra Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, o presidente Gabriel Boric anuncia um plano para acabar com o que uma parte do país afirma ser a maior dívida da democracia chilena.
13 Junho 2022, 18h36

Em 11 de setembro de 2023, completam-se 50 anos desde o golpe militar no Chile, que derrubou o presidente Salvador Allende, eleito democraticamente, e iniciou 17 anos de ditadura sangrenta de Augusto Pinochet. O atual presidente chileno, Gabriel Boric, eleito por uma coligação de esquerda, teve sempre em mento, como o disse publicamente, que “ainda carregamos muitas dívidas”, sobre esses anos.

Muito entretanto foi feito – como é o caso da Comissão Valech, que investigou sobre as prisões políticas e tortura, mas Boric quer ir mais longe e anunciou que o seu governo “continuará a procurar incansavelmente os desaparecidos com um plano nacional”.

O plano será executado pelo Ministério da Justiça, liderado pela ministra Marcela Ríos e terá em perspetiva que há 1.469 vítimas de desaparecimento – das quais 307 corpos ou restos de esqueletos foram identificados e 1.162 pessoas ainda estão desaparecidas.

A convicção instaladas é que as forças militares e o exército têm informações nunca reveladas sobre o destino destes desaparecidos, ou de parte deles. Os militares negam e em 2001 asseguraram que muitos dos desaparecidos terão sido lançados ao mar.

A proposta do Ministério da Justiça inclui a ampliação da campanha ‘Uma gota de sangue pela verdade e pela justiça’, que se refere, segundo relata o jornal “El Pais”, à coleta de amostras de sangue em todo o território para completar o banco de dados de registos genéticos que pretende elaborar um diagnóstico sistematizado de toda a informação já compilada que permita identificar as principais linhas de trabalho a desenvolver.

O governo quer também recorrer a novas tecnologias que podem ser usadas para avançar nas investigações. A ideia, explica um comunicado do Ministério da Justiça, é engendrar uma proposta metodológica e processual para o desenvolvimento do plano.

Os vários governos democráticos desde 1990, recorda o jornal espanhol, têm realizado importantes políticas em relação às vítimas da ditadura de Pinochet. O governo de Patricio Aylwin criou a Comissão Rettig, sobre mortos e desaparecidos; no mandato de Frei Ruiz Tagle, foi instituída a Mesa de Diálogo, que representou o reconhecimento dos crimes pelas forças armadas e militarizadase; o governo de Ricardo Lagos constituiu uma comissão chefiada por Monsenhor Sergio Valecha comissão com o seu nome) sobre a prisão política e tortura, iniciativa inédita no mundo, que foi seguida de medidas de reparação vigentes até hoje.

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