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Governo e ANA vão ter de negociar novo aeroporto já no início de 2023, estima chairman da ANA

No final deste ano ou início do próximo a atividade do aeroporto de Lisboa vai atingir níveis que obrigam o Governo a negociar com a ANA a construção de um nova infra-estrutura aeroportuária.
27 Setembro 2022, 15h58

O chairman da ANA – Aeroportos de Portugal, José Luís Arnaut, avançou hoje que no final deste ano ou início do próximo a atividade do aeroporto de Lisboa vai atingir níveis que obrigam o Governo a negociar com a ANA a construção de um nova infra-estrutura aeroportuária.

“O contrato de concessão assinado com o Estado português prevê negociações quando atingirmos três parâmetros. Ainda não estão verificados esses parâmetros. Quando se verificarem, a ANA tem depois três anos para convergir com o Governo quanto ao novo aeroporto”, disse José Luís Arnaut no decorrer de um painel na Cimeira do Turismo 2022, em Lisboa.

Estes parâmetros, explicou, Arnaut dizem respeito ao número de passageiros a partir e a chegar ao aeroporto Humberto Delgado, mas também o número de slots (autorizações de aterragens ou descolagens) e movimentos de aviões.

“Vamos atingir esses parâmetros no início do próximo ano, se tudo correr bem. (…) Estamos nos 87% do que foi 2019, e estamos a melhorar, pelo que estamos otimistas. O esforço da TAP tem sido notável e a recuperação está 1% acima da média europeia de recuperação. Em dezembro, ou janeiro/fevereiro atingiremos os valores dos parâmetros que desencadeiam essa negociação” [que é obrigatória por via do contrato de concessão], sublinhou Arnaud.

O chairman da ANA enalteceu a solução acordada entre o Governo e o principal partido da oposição, o PSD, sobre a metodologia a seguir para escolher uma nova localização para o novo aeroporto de Lisboa.

“Espero que por fim haja uma solução para este problema. Saudamos vivamente esta posição do governo e da oposição sobre a metodologia, uma vez que é melhor esta solução do que nenhuma. Estou confiante”, disse ainda.

Mas deixou um reparo preventivo. “Que [a argumentação para o novo aeroporto] venha bem feita. Desejo que esta comissão [que vai conduzir os trabalhos] não seja apenas uma comissão de universitários, mas que inclua especialistas da aviação, especialistas de negociações em PPP, entidades neutras e independentes. E que no passado não tenham tomado posições para um lado ou para outro. Para que não haja nuvens sobre a futura decisão”, alertou Arnaut.

O chairman da TAP reiterou ainda os ataques da ANA contra o ex-ministro das Finanças João Leão, acusando-o de ser uma “força de bloqueio” a um conjunto de obras de melhoria do atual aeroporto de Lisboa. No seu entender, João Leão atrasou os trabalhos – durante o seu mandato – ao nunca comparecer para reuniões obrigatórias entre a UTAP – Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (na esfera das Finanças) com representantes da ANA e do ministério das Infraestruturas. O objetivo final seria obras de melhoramento do Humberto Delgado, para tentar evitar as situações de fortes constrangimentos que se viveram nos meses antes do Verão.

TAP espera ter palavra a dizer sobre nova localização

Também presente no debate a três, com Arnaut e o ex-presidente da CP Carlos Nogueira, a CEO da TAP, Christine Ourmiere-Widener, disse esperar que a companhia aérea venha a ter uma palavra a dizer sobre a nova localização, até pela experiência operacional que têm as suas equipas.

A CEO da TAP salientou que “seria bom ter um aeroporto com capacidade ilimitada”, uma vez que a atual estrutura afeta a qualidade da experiência que cada passageiro tem.

Questionada sobre se a qualidade do serviço está abaixo das suas expectativas, a responsável da TAP respondeu: “Sim”, acrescentando depois que Portugal está atrasado no processo do novo aeroporto, mas que é “preciso trabalhar com o que temos”.

Sobre os constrangimentos no aeroporto, a CEO da TAP disse que está menos otimista do que Arnaut. “O próximo verão vai ser melhor, mas não muito melhor. Temos de estar preparados para situações de disrupção. A infra-estrutura não vai mudar tudo o que precisa num ano”.

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