O Governo espanhol quer criar um imposto para tributar as fortunas dos mais ricos do país, num esforço para combater a crise.
“Estamos a propor um esforço de redistribuição por aqueles que têm mais para que possamos financiar o Estado social que pertence a todos”, disse o primeiro-ministro Pedro Sanchez num discurso realizado na sexta-feira, citado pela “Bloomberg”, apontando que o objetivo visa taxar mais 1% da população do país.
O governante disse que a medida vai ajudar a pagar um super-pacote no valor de 30 mil milhões de euros de medidas de apoio para combater a inflação.
A medida já tinha sido anunciada anteriormente esta semana no Parlamento.
“Vamos usar um esquema semelhante ao usado para taxar as empresas energéticas e a banca. Nos dois próximos anos vamos pedir às grandes fortunas deste país um esforço temporário”, disse esta semana a ministra das Finanças Maria Jesus Montero citada pela “Reuters”.
A ideia é que o imposto entre em vigor em 2023, mas os trâmites legislativos deverão impedir que entre em vigor logo no início do ano.
Espanha é o único país da União Europeia que conta com uma taxa sobre as fortunas e seria agora o primeiro a criar um novo imposto sobre os ricos para pagar a crise.
“Como nos impostos das energéticas e da banca, trabalharemos numa fórmula temporária e, posteriormente, as circunstâncias dirão se é necessário ou não prorrogar a medida”, acrescentou, citada agora pelo “El Confidencial”.
A medida foi anunciada numa altura em que a Comissão Europeia pressiona Espanha para que volte a reforçar as receitas fiscais.
O Governo de Pedro Sanchez encontra-se atualmente a negociar o Orçamento do Estado para 2023 com os seus parceiros no executivo o Unidas Podemos, mas também com outros partidos no Parlamento.
A medida representa um volte-face por parte dos socialistas do PSOE. Em junho, uma proposta do Unidas Podemos foi chumbada no Parlamento, com votos contra do PSOE, que visava a criação de uma taxa anual de 5% sobre fortunas acima de 10 milhões de euros.
Com as eleições autonómicas à porta, no próximo ano, várias comunidades estão a anunciar descidas de impostos, incluindo a Andaluzia, a Galiza e Múrcia, com as três regiões a serem controladas pelos conservadores do Partido Popular (PP).
“Esta batalha entre diferentes níveis de Governo gera muita incerteza aos investidores. Estamos a entrar num período eleitoral muito divisivo”, disse à “Bloomberg” o professor da Universidade Complutense Jorge Onrubia.
O líder do PP, o maior partido da oposição, disse que Espanha devia lutar “por atrair riqueza e investidores em vez de os atacar”, afirmou Alberto Feijó.
O país enfrenta eleições legislativas a pouco mais de um ano no final de 2023. E uma média das sondagens mais recentes publicadas aponta que o PP lidera as intenções de voto em Espanha com 32%. O PSOE surge na segunda posição com 24%, seguido pelo Vox com 16% e o Unidas Podemos com 11%, segundo os dados publicados pelo site “Electrocracia”.
A criação da taxa sobre os mais ricos pode ser uma forma do PSOE de tentar subir nas sondagens e de agradar ao seu parceiro de coligação, sendo que, perante as sondagens, o mais certo é que vai continuar a depender do partido de extrema-esquerda para continuar no poder no futuro.
Tal como na restante Europa, o nível de vida também tem vindo a subir e muito em Espanha. O preço da alimentação disparou 14% em agosto, o maior aumento desde o início da série histórica em 1994.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com