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Governo prevê apenas 2 gigas de eólica offshore até 2030. Energia solar com crescimento de 900%

O Governo reviu o PNEC 2030 que revela que os 10 gigawatts de eólica offshore só estarão concluídos após 2030, com apenas 2 em operação até ao final da década. O executivo está muito mais ambicioso na energia solar.
30 Junho 2023, 17h30

Afinal, o Governo só prevê construir dois gigawatts (GW) de energia eólica marítima (offshore) até 2030. Esta meta fica abaixo dos 10 gigawatts que têm vindo a ser anunciados pelo Governo até ao final da década.

A meta de 2 gigawatts consta na versão revista do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030 que foi enviado esta sexta-feira para Bruxelas. É verdade que na versão anterior do PNEC só constavam 300 megawatts de eólica offshore. Mas a meta de 10 gigawatts nos próximos sete anos tem sido proclamada publicamente pelo Governo.

“Quanto à produção eólica offshore, reafirmamos o compromisso de lançar, até 2030, leilões correspondentes a uma capacidade de 10 GW, reforçando assim a estabilidade do nosso sistema elétrico e atraindo para o nosso país a cadeia de valor das tecnologias offshore. O primeiro leilão terá lugar já este ano, permitindo instalar pelo menos 2 GW até 2030”, pode-se ler no comunicado hoje divulgado pelo ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC).

Ainda no início deste ano, o primeiro-ministro dizia que “a meta de Portugal é atingir 10 gigawatts de capacidade de eólica offshore até 2030. No último trimestre do ano, vamos lançar o primeiro leilão offshore”, afirmou António Costa em janeiro durante uma visita a Cabo Verde citado pela “Reuters”.

Por outro lado, a ambição na energia solar fotovoltaica disparou. Dos 7 gigas que estavam antes previstos até 2030, o Governo prevê agora construir quase 15 gigas até 2030, face à atual capacidade instalada de 1,5 gigawatts, o que representa um crescimento de quase 900% da capacidade instalada em sete anos. Até 2025, espera ter construídos 6,1 gigas. A meta anterior previa 7 gigawatts de energia até final da década.

Em fevereiro deste ano, a secretária de Estado da Energia Ana Fontoura Gouveia voltou a adiar os prazos para a construção e entrada em operação das centrais dos leilões de 2019 e 2020, prevendo que algumas possam entrar em operação até 2026. A decisão foi justificada pelos impactos da guerra na Ucrânia. Em março, apenas 92 megawatts (MW) de um total de 1.820 MW da centrais saídas dos leilões de 2019/2020 estavam em operação. Este cenário permite antever que vai ser necessário fazer um longo caminho até serem construídos 15 gigawatts de energia solar em Portugal.

“A produção solar centralizada prevista nesta revisão do PNEC não ultrapassa 0,4% de ocupação do território nacional e é acompanhada de medidas de compensação aos territórios e de partilha de energia com as comunidades, bem como de uma maior preponderância da produção descentralizada. Para concretizar os objetivos propostos, serão reforçadas as políticas públicas em curso, incluindo por via da criação de uma Estrutura de Missão para as Energias Renováveis, prevista no novo capítulo do PRR nacional, e a consequente melhoria de processos e ferramentas; o reforço dos meios das entidades licenciadoras; a definição de Go to Areas, ou seja, áreas preferenciais para a instalação de renováveis; a criação de uma via verde para o licenciamento de projetos com elevada maturidade; e de melhorias no enquadramento aplicável ao Autoconsumo Coletivo e Comunidades de Energia Renovável, acompanhadas de novas ferramentas, novos incentivos e novos modelos de divulgação”, segundo a tutela de Duarte Cordeiro.

O executivo destaca que a estratégia de transição energética “representa 75 mil milhões de euros de investimento em projetos de produção de energia verde (eletricidade e gases renováveis). Este investimento terá um efeito multiplicador, tanto a montante – por via de novos projetos industriais de fornecimento dos equipamentos e serviços necessários à sua instalação – como a jusante – em resultado das novas indústrias verdes que se instalam no nosso país. Estes novos investimentos contribuem também para a coesão social e territorial, potenciando a criação de emprego de qualidade ao longo do território”.

“Na presente década, e até 2030, pretendemos duplicar a capacidade instalada de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, acelerando a descarbonização e dando resposta às necessidades dos novos investimentos industriais previstos para o nosso país, criadores de emprego verde e de valor acrescentado nacional”, afirma o MAAC.

O Governo também pretende rever a Estratégia Nacional do Hidrogénio “mais do que duplicando a capacidade prevista de eletrolisadores até 2030 (de 2,5 GW para 5,5 GW), permitindo assim descarbonizar a indústria nacional, atrair novas indústrias que produzem derivados do hidrogénio verde e, ainda, exportar este gás renovável para a União Europeia, contribuindo assim para a segurança de abastecimentos no espaço europeu”.

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