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Grandes farmacêuticas dão segurança em tempos pouco saudáveis das bolsas

Em duas semanas, as maiores farmacêuticas apresentaram resultados que agradaram aos mercados, apesar do ‘selloff’. Entre um setor beneficiado por Donald Trump e onde ainda há potencial de crescimento, a JP Morgan identificou as quatro ações preferidas.
12 Fevereiro 2018, 07h30

Não é dos setores mais atrativos, mas é um dos mais valiosos e necessários. Ao longo das últimas duas semanas, as maiores farmacêuticas do mundo apresentaram resultados e tornaram-se das poucas resistentes às maleitas que se abateram sobre as bolsas globais.

“Olhando para a frente, como o grupo Grandes Farmacêuticas ainda negoceia com um desconto acentuado para o S&P 500, vemos uma série de oportunidades no setor”, escreveu o analista Chris Schott, da JP Morgan, numa nota aos clientes.

De forma geral, as maiores farmacêuticas do mundo foram bem sucedidas na apresentação de contas do último trimestre de 2017, o que, segundo o analista, aconteceu devido a fundamentos sólidos. “A maioria das empresas em nossa cobertura apresentou tendências sólidas de produtos básicos e ganhos por ação em linha ou acima do esperado, ajudados por um benefício fiscal maior que o antecipado”, referiu Schott.

Apesar de considerar que estes fundamentos foram parcialmente ofuscados pelo selloff em todo o mercado, a JP Morgan está confiante no futuro do setor, em especial de quatro gigantes farmacêuticas.

Quatro gigantes com potencial de continuar a subir

A ação preferida continua a ser a Bristol-Myers Squibb, empresa que está a desenvolver estudos em áreas como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou oncologia. Uma das razões para a confiança na Bristol Myers é o estudo em curso sobre mutações genéticas das células cancerígenas em pacientes com cancro no pulmão (Tumor Mutation Burden – TMB). Além disso, a Biogen vai pagar à Bristol-Myers 300 milhões de dólares para o licenciamento de um medicamento com potencial uso em pacientes com Alzheimer.

A Bristol-Myers Squibb reportou receitas de 5,45 mil milhões de dólares, no quarto trimestre de 2017, mais 4% que no período homólogo e mais 10 milhões que a estimativa dos analistas. A farmacêutica anunciou também que vai pagar um dividendo de 2,55%. A avaliação da JP Morgan aponta para um preço-alvo das ações é de 70 dólares, face aos 62,70 dólares com que fechou na sexta-feira.

Uma das principais concorrentes da Bristol-Myers é a Merck, que registou receitas de 10,43 mil milhões de dólares, 3% acima do ano anterior, mas sete milhões abaixo das expetativas. A JP Morgan está, no entanto, otimista em relação ao impacto do corte dos impostos nos EUA, bem como em relação ao medicamento Keytruda em desenvolvimento para cancro do pulmão e aponta, por isso, para um preço alvo de 72 dólares por ação, face aos atuais 54,87 dólares.

Sobre a Eli Lilly, o analista aponta para resultados sólidos (com receitas de 6,2 mil milhões de dólares) suportados pela caneta de uso único para diabéticos, Trulicity. A JP Morgan atribui-lhe um preço de alvo de 92,32 dólares, contra os atuais 76,23 dólares.

A Pfizer é, na óptica da JP Morgan, a ação com menor potencial de valorização. As receitas de 13.703 milhões de dólares foi 1% superior ao do último trimestre de 2016, depois de uma série de mudanças ao longo do ano. A empresa adquiriu a Anacor Pharmaceuticals, por 5,5 mil milhões de dólares e dividiu o negócio em dois segmentos, um focado na investigação e outro em produtos comerciais. O preço-alvo é de 42 dólares, face aos 34,16 dólares de sexta-feira.

Grandes farmacêuticas ajudadas por Donald Trump

As quatro empresas, bem como as restantes farmacêuticas nos Estados Unidos, deverão ser beneficiadas este ano pela reforma dos impostos implementada no país. Várias empresas já anunciaram que usar a poupança para investir em investigação e mão de obra.

A Pfizer, por exemplo, vai beneficiar de uma redução nos impostos para 17%, dos anteriores 20%. A AbbVie espera poupar 13% em impostos nos próximos cinco anos.

Além do corte nos impostos, Donald Trump tomou decisões que pareceram favoráveis ao setor. A escolha de Scott Gottlieb (executivo que passou por várias empresas farmacêuticas) para a liderança da Food and Drug Administration (FDA) alegrou as farmacêuticas, tal como a nomeação do antigo executivo da Eli Lilly, Alex Azar, para secretário de Estado da Saúde.

O presidente chegou à Casa Branca a prometer “um novo sistema onde haja competição da indústria farmacêutica” e descida dos preços para os norte-americanos. No entanto, não houve medidas concretas e, para já, as ações do setor continuam a valorizar, depois de os cinco maiores ETF farmacêuticos terem ganho entre 9% e 19%, em 2017.

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