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Greves provocam quebras nas cargas movimentadas nos portos nacionais

Os portos que mais contribuíram para esta quebra foram Sines (com menos produtos petrolíferos e carvão movimentados) e Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz. Estes três últimos têm enfrentado conflitos laborais devido aos protestos dos estivadores.
28 Novembro 2018, 12h40

As cargas movimentadas no sistema portuário nacional do continente registaram uma quebra de 3,8% entre janeiro e setembro deste ano face ao período homólogo, equivalendo a uma descida de 2,76 milhões de toneladas.

De acordo com uma análise da AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, os portos que mais contribuíram para esta quebra foram Sines (com menos produtos petrolíferos e carvão movimentados) e Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, que têm enfrentado conflitos laborais devido aos protestos dos estivadores.

“O porto de Sines foi o que mais contribuiu para este desempenho negativo, registando, nomeadamente, perdas no valor de -1,1 milhões de toneladas no mercado do carvão, -920 mil toneladas nos produtos petrolíferos, -548 mil toneladas no petróleo bruto. No entanto, também Lisboa e Setúbal registaram perdas significativas de -404 mil toneladas na carga contentorizada e de -222 mil toneladas na carga fracionada, respetivamente, representando, no conjunto dos três portos, 71,3% de carga ‘perdida’”, destaca um comunicado da AMT.

Importa também assinalar o impacto que a Carga Contentorizada tem tido junto do mercado da carga movimentada, infletindo a sua evolução negativa, por efeito do observado no porto de Sines desde o início de 2018, fixando-se no período janeiro a setembro de 2018 em +1,1% face ao período homólogo de 2017. Em termos globais, e muito por efeito do comportamento do porto de Lisboa, que ´perdeu’ cerca de -404 mt (-10,6%), mas acompanhado por Figueira da Foz e Setúbal (com quebras respetivas de -14,7% e -5,3%), assiste-se ainda a uma tonelagem inferior à movimentada no período homólogo de 2017 em quase -0,5%.

Sines mantém a liderança com uma quota de mercado de 51,4% do total da carga movimentada, uma recuperação de 0,5 pontos percentuais face ao mês anterior e um recuo de -1,2 pp face ao que detinha no período homólogo de 2017.  O porto de Leixões consolida a 2ª posição com uma quota de 20,5%, seguido de Lisboa, com 12,4%, Setúbal, com 7,1%, e Aveiro, com 5,8% do total.

O mesmo documento acrescentas que o movimento global de contentores no período em análise “indicia uma recuperação entre janeiro e setembro de 2018 ao movimentar 1,4 milhões de unidades e 2,25 milhões de TEU” (medida-padrão equivalente c contentores com 20 pés de comprimento).

“Este comportamento deve-se às variações positivas de Leixões e Sines no que respeita ao número de contentores, onde Sines regista o valor mais elevado de sempre, e Leixões é o responsável pelo bom desempenho em volume de TEU. Nos restantes assinalam-se variações negativos, com destaque para Lisboa, onde são refletidas as perturbações laborais, induzindo a transferência de serviços para o porto de Leixões”, explica a AMT.

Nos primeiros nove meses deste ano, o porto de Sines manteve a liderança, com uma quota de 58,2%.

Na posição seguinte encontra-se Leixões, com 21,4%, beneficiando do desvio de cargas dos portos de Lisboa e de Setúbal, por exemplo.

“Os portos que detêm as quotas mais significativas no número de escalas são Leixões, Lisboa e Sines com, respetivamente, 24,5%, 22,5% e 19,8%, sendo que Sines toma a dianteira no que respeita à arqueação bruta com 42,8%, seguido de Lisboa, com 22,3% e Leixões com 17%”, acrescenta a AMT.

O mesmo documento assinala que “a quebra de 2,76 milhões de toneladas verificada no período janeiro a setembro de 2018 resulta de variações negativas quer na carga embarcada, quer na carga desembarcada, de -1,24 e -1,52 milhões de toneladas, corresponde a -4,1% e -3,5%, respetivamente”.

“Em termos de mercados globais de carga é de assinalar um comportamento genericamente negativo em ambos os fluxos, com exceção para a carga ‘ro-ro’ [automóveis] e produtos agrícolas nos embarques, com acréscimos respetivos de +34% e +10,4%, e nos desembarques da carga contentorizada, com +0,3%, ‘ro-ro’, +1,6%, outros granéis sólidos, +28,8%, e outros granéis líquidos, +15,2%”, esclarece a AMT.

De acordo com o referido comunicado, “o comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, registou quebras com variações significativas protagonizadas pelo mercado de produtos petrolíferos em Sines que regista menos 540 mil toneladas, representando 29% do total da carga embarcada ‘perdida’. Em termos positivos, as operações de embarque registaram variações positivas na carga contentorizada em Sines, que regista mais 229 mil toneladas, correspondente a 36,6% dos acréscimos de carga embarcada”.

A AMT refere ainda que nos primeiros nove meses deste ano os portos de Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os que apresentam um perfil de porto “exportador”, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 77,5%, 71,1%, 55,6% e 100%, respetivamente.

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