[weglot_switcher]

Grimbergen: monges procuram receita de cerveja com 890 anos

Há quatro investigadores à procura dessa valiosa receita pelos meandros centenários da abadia. Um ano depois de terem começado esta busca, já deram a volta a cerca de 35 mil livros e arquivos da abadia flamenga, mas ainda não encontraram a milagrosa receita.
9 Maio 2018, 16h14

Um grupo de 20 monges da abadia flamenga de Grimbergen está afanosamente à procura da receita antiga para fazer a famosa cerveja artesanal do mesmo nome, cujo início de produção ocorreu em 1128, há cerca de 890 anos.

De acordo com uma reportagem do jornal britânico ‘The Guardian’, apesar da intenção, esta não é uma tarefa fácil.

Há quatro investigadores à procura dessa valiosa receita pelos meandros centenários da abadia, remetendo-nos para os cenários do romance ‘O Nome da Rosa’, de Umberto Eco.

Um ano depois de terem começado esta busca, já deram a volta a cerca de 35 mil livros e arquivos da abadia flamenga, mas ainda não encontraram a milagrosa receita.

“Não é um trabalho assim tão fácil, porque estes textos estão em holandês antigo. Mas há fortes esperanças de que a receita apareça”, disse o subprior da abadia de Grimbergen, Karel Stautemas ao ‘The Guardian’.

Além disso, para que a velha receita da cerveja Grimbergen possa vir a ser provada pelos consumidores contemporâneos a abadia flamenga ainda necessita de concluir um estudo de exequibilidade económica e obter autorizações e licenças seguras.

Desta forma, os responsáveis por este projeto consideram que a ‘nova’/velha cerveja Grimbergen possa estar disponível no mercado em 2020.

“Como será exatamente esta cerveja ainda não sabemos, uma vez que os gostos de antes e de agora mudaram. Todavia, esta será uma cerveja do século XXI”, garantiu Karel Stautemas.

Embora esta receita original da cerveja Grimbergen se tenha perdido no tempo, existem hoje diversas cervejas com o mesmo nome.

A marca de cerveja Grimbergen é atualmente produzida pela cervejeira industrial Heineken Alken-Maes e é vendida nos mercados externos pela Carlsberg.

O que se passou com a original Grimbergen, que agora se pretende recuperar? Os monges belgas da abadia de Grimbergen deixaram de produzir há mais de 200 anos devido às convulsões provocadas pelas guerras revolucionarias francesas do final do século XVIII.

Assim, os monges da abadia de Grimbergen começaram a fazer cerveja em 1128, mas interromperam essa produção em 1797 quando os franceses tomaram conta do lugar e o venderam.

Mesmo assim, ao longo dos tempos, algumas das maiores marcas de bebidas do mundo preencheram esse espaço vazio deixado pelas cervejas tradicionais Grimbergen.

Desta forma, em 1958 foi estabelecido um acordo para que a cervejeira Belgian Maes utilizasse essa marca.

Hoje em dia, a cerveza Grimbergen é produzida pela cervejeira Alken-Maes para bebedores belgas e por una cervejeira propriedade da Carlsberg para os mercados externos.

Mais de 200 anos depois, os monjes da abadia de Grimbergen estão a tentar erguer um projeto para criar a sua própria microvervejaria e começar a produzir as suas próprias cervejas, que se vão juntar às outras Grimbergen já existentes no mercado.

“Queremos construir una microcervejaria, a uma pequena escala e respeitadora da tradição, no local onde se situava a fábrica de cerveja antes da Revolução Francesa”, revelou o subprior Karel Stautemas.

Este monge adiantou que quer a Alken-Maes, quer a Carlsberg apoiaram o projeto.

A decisão de voltar a produzir a cerveja a partir da abadia de Grimbergen deve-se ao facto de muitos turistas atuais que visitam o local interessarem-se por saber por que é que se deixou de produzir a cerveja.

“Todos os dias recebemos visitantes que perguntam onde está a fábrica de cerveja. E se os turistas são estrangeiros, não entendem que não a elaboremos. Assim se explica a ideia de restabelecer essa tradição”, esclareceu Karel Stautemas ao diário britânico ‘The Guardian’.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.