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Guarda nazi de 101 anos condenado a cinco anos de prisão

O réu declarou-se inocente durante todo o processo, incluindo antes do veredicto conhecido.
28 Junho 2022, 10h15

Um alemão de 101 anos foi condenado a cinco anos de prisão por 3.518 crimes de cumplicidade, incluindo homicídios, por ter desempenhado a função de guarda ao serviço do regime nazi no campo de concentração de Sachsenhausen durante a Segunda Guerra Mundial, segundo o “The Independent”.

O homem que vive no estado de Brandemburgo, Berlim (Alemanha), não foi identificado e negou trabalhar como guarda da SS no campo e ajudar a ser cúmplice do assassinato de milhares de prisioneiros. O réu declarou-se inocente durante todo o processo, incluindo antes do veredicto conhecido esta terça-feira, 28 de junho.

“Não sei por que estou aqui”, disse no final do processo. Sob interrogatório, o ex-guarda nazi afirmou que não fez “absolutamente nada”, negou ter conhecimento dos vastos crimes que ocorreram em Sachsenhausen, dizendo ser “apenas um trabalhador rural” na altura em questão.

Os promotores afirmam que ele “conscientemente e voluntariamente” participou nos crimes enquanto guarda do campo de concentração. Os advogados de acusação apresentaram documentos que revelam o nome, data de nascimento e naturalidade do homem.

O tribunal considerou comprovado que o réu trabalhou no campo nos arredores de Berlim entre 1942 e 1945 como membro alistado da ala paramilitar do Partido Nazi, informou a agência de notícias alemã “dpa”.

“O tribunal chegou à conclusão de que, ao contrário do que você alega, você trabalhou no campo de concentração como guarda por cerca de três anos”, disse o juiz Udo Lechtermann, acrescentando que, ao fazê-lo, o réu ajudou no terror e maquinaria assassina dos nazis.

“Você apoiou voluntariamente esse extermínio em massa com a sua atividade”, referiu Lechtermann.

A acusação baseou caso em documentos relativos a um guarda da SS com o nome do homem, data e local de nascimento, além de outros documentos.

Por motivos organizacionais, o julgamento foi realizado num ginásio em Brandenburg/Havel, local de residência do homem de 101 anos.

O homem só estava apto a ser julgado de forma limitada e só pôde participar no julgamento durante duas horas e meia por dia. O julgamento foi interrompido várias vezes por motivos de saúde e internações hospitalares.

As alegações contra ele incluem a participação na “execução por pelotão de fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos em 194” e a implementação do “gás venenoso Zyklon B” nas câmaras de gás do campo de concentração de Sachsenhausen.

Sachsenhausen foi libertado em abril de 1945 pelos soviéticos, que o transformaram num campo brutal próprio.

O veredicto de terça-feira se baseia-se num precedente legal recente na Alemanha que estabelece que qualquer pessoa que tenha ajudado um campo nazi a funcionar pode ser processada por cumplicidade nos assassinatos lá cometidos.

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