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Guerra leva Goldman a cortar previsão para os retornos nas bolsas da Europa e EUA

O banco norte-americano aponta que a subida dos preços das componentes ligadas à energia tem permitido ofuscar o choque noutros setores.
14 Março 2022, 17h21

O Goldman Sachs cortou as previsões para o desempenho nos mercados acionistas na Europa e nos EUA, este ano, naquele que é um cenário de incerteza, tensão geopolítica entre a Ucrânia e a Rússia e pressões inflacionistas.

“Da perspetiva do mercado acionista, reduzimos algumas previsões”, disse Peter Oppenheimer, do Goldman Sachs, numa sessão online realizada esta segunda-feira. “Reduzimos a nossa estimativa para o crescimento dos retornos. Agora prevemos um crescimento de 5% do [norte-americano] S&P 500”, referiu, quando antes esta projeção era de 8%.

Já na Europa, as previsões do banco norte-americano apontam agora para um crescimento dos retornos de 2%, face à projeção anterior de 8%. Isto representa um “grande abrandamento”, disse o estratega, uma vez que, no ano passado, os mercados europeus apresentaram uma valorização em torno dos 7%.

O crescimento dos retornos assenta neste momento nas componentes ligadas à energia, que “estão a registar um crescimento forte” e a ofuscar o choque noutras áreas, adiantou Peter Oppenheimer. Os preços da energia, desde o petróleo ao gás, têm estado a disparar. O ouro negro chegou mesmo a atingir o patamar dos 140 dólares por barril na semana passada, provocando um aumento significativo dos custos nas bombas de gasolina.

Investidores devem apostar nas matérias-primas

Neste cenário, o Goldman Sachs aconselha os investidores a apostarem nas matérias-primas. “Estamos há algum tempo otimistas sobre os preços das matérias-primas porque assistimos a um longo período em que houve pouco investimento no mercado das commodities“, referiu o responsável do banco norte-americano durante a sessão.

Além disso, notou, há a questão do ESG e da descarbonização, o que “tornou mais difícil para os investidores” investir neste tipo de mercados e levou a uma subida dos preços.

“Claro que a guerra intensificou” esta tendência, afirmou Peter Oppenheimer, recordando o peso da Rússia nas importações de gás e petróleo para a Europa, bem como a importância deste país e da Ucrânia enquanto produtores de cereais.

“O choque da guerra exacerbou o que já era uma tendência”, sublinhou, acrescentando ainda que as matérias-primas são atrativas porque não têm correlação com outros ativos financeiros e, sendo um ativo real, “tendem a dar alguma proteção contra uma inflação mais elevada”.

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