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Hacker ajuda proprietários de carteiras de criptomoedas a recuperar dinheiro perdido

Kingpin, acedeu com sucesso a uma carteira de criptomoedas com cerca de 2,5 milhões de dólares (2,25 milhões de euros) e passou a querer fazer do seu trabalho a recuperação de dinheiro perdido devido ao descuido humano. Mas nem todas as pessoas que pensam que têm milhões realmente os têm, e a competição no setor é grande.
31 Março 2022, 23h00

Um hacker conhecido na comunidade cibernética como Kingpin, acedeu com sucesso a uma carteira de criptomoedas com cerca de 2,5 milhões de dólares (2,25 milhões de euros) e passou a querer fazer do seu trabalho a recuperação de dinheiro perdido devido ao descuido humano, seja por burla ou esquecimento, avançou o “El País”.

“Sou um hacker que dá oportunidades iguais: não sou leal a nada e questiono e desconfio de tudo”, acrescenta. Com o seu novo projeto, espera que as pessoas percebam o lado positivo do mundo em que navega: “As pessoas gostam de ver que existem hackers que fazem coisas boas”.

Em 2018, o hacker Joe Grand e o amigo Dan Reich, engenheiro elétrico, investiram 50 mil dólares (mais de 45 mil euros) em Theta, uma criptomoeda. A carteira, em fevereiro de 2021, valia cerca de 2,5 milhões. Mas surgiram dois problemas: Reich esqueceu-se da passe de acesso e a carteira criptográfica, que é uma espécie de pendrive, foi apagada após 16 tentativas erradas.

Grand levou três meses a tentar encontrar uma solução para recuperar as informações dentro da carteira porque era necessário atacar ao nível do chip, não apenas com código. Em criptografia, o dinheiro só é acessível com uma chave privada. Sem essa chave, protegida por uma senha de poucos dígitos neste caso concreto, não há nada a fazer. Mas o software estava desatualizado e Grand aproveitou esse fator para realizar o ataque.

Ambos decidiram gravar o processo num vídeo profissional em maio de 2021 e publicaram-no a 24 de janeiro. O vídeo de 32 minutos, com perto de 4,6 milhões de visualizações, explica a complexidade do ataque informático

“Hacking não é o que se vê nos filmes”, declarou Grand no vídeo. “É uma grande montanha-russa, resolvendo quebra-cabeças, forçando computadores e hardware a fazer coisas que eles não esperavam fazer, o objetivo é que eles quebrem a sua função de uma maneira que se consiga controlá-la”, esclareceu.

 

Agora Reich e Grand, juntamente com outros, são parceiros numa nova empresa, a Off Spec, que se dedica a ajudar os proprietários de criptomoedas que perderam o acesso à sua carteira, seja por esquecimento ou burla, mas também os que possuem um aparelho criptografado e não sabem como aceder. Há alguns casos bons e legítimos de problemas com os quais podemos ajudar. É emocionante”, disse ao “El País”.

Contudo “Kingpin” não consegue explicar o sucesso do vídeo: “Seja o que for, mostra que as pessoas têm problemas com criptomoedas, não é algo fácil de usar”, avançou ao “The Verge”. “Estão a sobrecarregar-nos com e-mails, centenas e centenas e centenas de mensagens”.

Para além da competição de outras empresas, o empreendimento dos amigos enfrenta outro problema: nem todas as pessoas que pensam que têm milhões realmente os têm. “Conversei com pessoas que trabalham na área e dizem que vivem num constante estado de deceção. Há momentos em que os clientes dizem que têm dinheiro e depois só têm dois dólares. Muita gente exagera”, disse.

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