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Nuno Anahory: “Hoje, uma empresa já pode ser 100% portuguesa no Catar”

Nuno Anahory, fundador do Forum Portugal Qatar, refere em declarações ao NOVO Economia que o Mundial de futebol abriu a economia do Catar ao mundo e alerta para o facto de o voo direto para Portugal ainda não ter sido retomado. “Para a mentalidade dos árabes, é um handicap”, afirma.
16 Julho 2023, 17h00

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 8 de julho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

A realização do Mundial de futebol em 2022 foi o pontapé de saída do Catar para abrir as portas da sua economia ao mundo, onde se enquadram, no caso de Portugal, projetos relacionados com a área da construção metálica, imobiliário e hotelaria, e onde algumas empresas nacionais já conseguem ter um percurso de sucesso no país.

“O Catar modernizou-se e tem uma economia que conseguiu, por força do Mundial de futebol, abrir-se. É um país onde, hoje, uma empresa portuguesa pode abrir uma filial ou uma empresa e ser 100% detentora do capital dessa sociedade”, refere, em declarações ao NOVO Economia (NE), Nuno Anahory, fundador e chairman do Forum Portugal Qatar (FPQ), no âmbito do projeto International Steel promovido pela Associação de Construção Metálica e Mista (CMM).

O país tem um plano de desenvolvimento para o mercado da construção, onde tem a expectativa de crescer cerca de 10% até 2030, ano em que espera atingir os 123 mil milhões de dólares (113 mil milhões de euros), mais do que duplicando os valores alcançados no ano passado.

No caso de Portugal, o fundador do FPQ destaca o papel de pequenas e médias empresas que estão no Catar nas áreas da construção, arquitectura, fiscalização de obras, design, eventos e digital. “Estão a desenvolver o seu trabalho e a competência das empresas portuguesas é muito bem recebida dentro do Catar”, realça.

Em sentido inverso, Nuno Anahory destaca que a entidade tem estado a promover Portugal no Catar em diversos sectores, nomeadamente o imobiliário e a hotelaria, que sublinha serem áreas onde os investidores procuram rentabilidade e activos de qualidade e com posicionamento médio, médio-alto ou premium.

“Já organizámos um evento sobre a promoção de investimentos na área do mobiliário no Catar, mas é um caminho que estamos a trabalhar porque, de facto, Portugal não se promove no Catar. Penso que as agências na área do turismo, de promoção e captação de investimento, deviam apostar mais no Catar porque, de facto, existe uma capacidade de investimento muito grande, mas, como em tudo, temos de fazer esse trabalho de promoção”, salienta, acrescentando que na área do turismo e de atracção de investimentos, “o governo português tem vindo a fazer um excelente trabalho”.

No entanto, existe um pequeno senão que pode dificultar de alguma forma a vinda de investidores do Catar para Portugal e que está relacionado com o voo directo com a Qatar Airways, que ainda não foi reposto depois da pandemia. “Há uma série de contactos com as entidades e todos ambicionamos isso porque, para a mentalidade dos árabes, não haver um voo directo é um handicap”, sublinha, sendo taxativo quando questionado sobre uma previsão para a retoma dessa ligação. “Até ao final do ano, inshallah”, refere.

Sobre as metas traçadas para 2024, Nuno Anahory destaca que o principal objectivo é sempre colocar ao dispor das empresas portuguesas e, neste caso, com extensão à comunidade lusófona, aquilo que é a rede de contactos do FPQ no Catar, no sentido de promover as empresas portuguesas e os projectos, não só criando oportunidades para as empresas como, simultaneamente, trazendo as pessoas do Catar para conhecerem os melhores projectos em cada um dos países.

“Vamos ter um grande evento no Catar relativamente a toda a fileira da construção, o ConteQ Expo24. É uma excelente oportunidade para as empresas na área da construção se juntarem a nós e virem apresentar-se a este mercado do Catar. Começa logo no primeiro trimestre, com a primeira Web Summit organizada em África e no Médio Oriente, precisamente no Catar. É mais uma oportunidade para as empresas tecnológicas portuguesas se apresentarem no mercado”, conclui.

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