Huawei critica “implacável agressão” dos EUA que colocam empresa em “situação difícil”

“A agressão implacável exercida pelos Estados Unidos colocou-nos sob pressão significativa”, afirmou o presidente da Huawei, Guo Ping, na abertura da conferência anual Huawei Connect.

Presidente rotativo da Huawei, Guo Ping, na Web Summit em 2019 | Flickr Web Summit

Os Estados Unidos têm pressionado países aliados e parceiros desde meados de 2018 para não recorrerem aos serviços da Huawei, o que tem colocado complexos desafios à gigante chinesa. Na última semana, a campanha da Casa Branca não foi esquecida, com o presidente rotativo do grupo Huawei, Guo Ping, a admitir que o grupo tem estado sob “forte pressão” devido à “agressão implacável” norte-americana.

“A agressão implacável exercida pelos Estados Unidos colocou-nos sob pressão significativa”, afirmou Guo Ping na abertura da  conferência anual Huawei Connect, no dia 23 de setembro, em Xangai. Por isso, o líder do grupo de telecomunicações admitiu que “a Huawei está numa situação difícil”, pelo que agora o objetivo é “sobreviver”.

A afirmação de Guo Ping surgiu numa altura em que os Estados Unidos implementaram uma medida em que os fornecedores globais da Huawei que usam tecnologia norte-americana no desenvolvimento ou produção dos seus produtos têm de primeiro obter autorização de Washington para venderem componentes essenciais à empresa chinesa.

Este tipo de postura da administração Trump tem colocado dificuldades à Huawei, o que coloca a empresa a “avaliar cuidadosamente” as intenções de Washington.

Acresce a pressão internacional dos EUA para que o desenvolvimento da quinta geração da rede móvel (5G) decorra sem a participação da Huawei.

Não obstante, o presidente do grupo Huawei assegurou, em Xangai, que a empresa vai manter investimentos em áreas essenciais ao ecossistema das telecomunicações como a conetividade, computadores de alto desempenho, o 5G ou Inteligência Artificial.

A campanha internacional empreendida pelos EUA contra a Huawei tem na sua génese a alegação de que a Huawei terá ligações ao Partido Comunista da China e acreditam que a lei chinesa que requer às empresas chinesas que colaborem com o governo chinês, quando solicitado, abre caminho a práticas de espionagem por parte da Huawei.

Além dos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Japão já excluíram a Huawei dos seus mercados. Entre os Estados-membros da União Europeia, a Huawei não foi excluída.

Portugal também já foi alvo da pressão norte-americana. O último episódio ocorreu no dia 26 de setembro, quando o embaixador norte-americano no país, George E. Glass, alertou que escolher a China em questões como o 5G pode ter consequências para Portugal.

A Huawei nega as acusações de Washington e as autoridades chinesas dizem que a administração Trump está a usar leis de segurança nacional para restringir um rival que ameaça o domínio exercido pelas empresas de tecnologia norte-americanas.

A Huawei conta com cerca de 3 mil milhões de utilizadores distribuídos por 170 países, o que significa que a empresa chinesa tem no mercado externo a maior parte do seu volume de negócios. Tendo em conta o potencial que o 5G evidencia para o crescimento económico e para o aumento da competitividade empresarial, um boicote internacional levaria a uma enorme pressão nos números da gigante chinesa, que centra a sua operação em infraestruturas de telecomunicações e no fabrico de telemóveis. No segmento das infraestruturas o maior rival é a norte-americana Cisco, enquanto no fabrico de telemóveis a Apple é o grande rival.

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