A Human Rights Watch (HRW), uma organização não-governamental, direcionada para a defesa dos direitos humanos, pede uma investigação ao governo angolano “pelo uso desnecessário e excessivo de força”. Na semana passada um grupo de manifestantes reuniu-se no Largo Primeiro de Maio em Luanda para pedir a renúncia do ministro da Administração Territorial, Bornito de Sousa, por organizar o processo de registo eleitoral e ao mesmo tempo ser candidato do MPLA às eleições de agosto.
Várias testemunhas que participavam neste protesto relataram à Human Rights Watch (HRW), por telefone, que o protesto era pacífico, e que os manifestantes estavam apenas a caminhar em direção à praça quando a polícia iniciou as agressões.
A manifestação não foi autorizada pelo governo local, apesar de três ativistas terem procurado permissão. A HRW recorda no site que o artigo 47.º da Constituição de Angola permite aos cidadãos protestarem sem pré-autorização, desde que informem antecipadamente as autoridades. Mas o governo angolano sempre bloqueou e dispersou os protestos pacíficos contra o governo, usando força desnecessária e excessiva, lê-se no relatório.
Luaty Beirão, rapper e ativista angolano, foi um dos organizadores da manifestação. Em declarações à ONG, Luaty disse que várias pessoas que se encontravam no local discutiram com os polícias “durante alguns minutos, antes de um dos comandantes começar a perseguir os manifestantes e a bater nas pessoas que estavam a assistir à situação”.
A polícia largou os cães sobre os manifestantes. “O rottweiler mordeu o meu braço esquerdo, enquanto um dos pastores alemães mordeu o lado direito da minha cintura”, disse Luaty.
Samussuku Chiconda, outro ativista, também ficou gravemente ferido. Foi espancado pela polícia e depois arrastado até uma das carrinhas das forças policiais. “Fui perguntar aos policias porque nos estavam a impedir de chegar à praça”, disse Chiconda. “Mandaram-me para o chão e começaram a dar-me pontapés e a bater-me com os bastões. Tentei fugir mas perseguiram-me e depois arrastaram-me para dentro da carrinha. Acho que queriam levar-me para a esquadra, mas um dos comandantes da polícia ordenou a minha libertação”.