[weglot_switcher]

Impasse político na Tailândia arrasta-se com novo adiamento do voto para PM

Depois da vitória nas eleições de maio, Pita Limjaroenrat e o Seguir em Frente têm enfrentado uma montanha de obstáculos das fações conservadoras, militares e pró-realeza tailandeses. Agora, o voto para confirmar o novo primeiro-ministro foi adiado até ser conhecida uma decisão do Tribunal Constitucional.
3 Agosto 2023, 12h36

Prolonga-se o impasse político na Tailândia, onde o voto parlamentar para nomear o próximo primeiro-ministro após as eleições de maio foi novamente adiado. Desta feita, o parlamento deve aguardar a decisão do Tribunal Constitucional relativamente à queixa do partido vencedor das eleições quanto à recusa de parte dos deputados em confirmarem o seu líder como novo primeiro-ministro, um processo que se pode arrastar por mais algumas semanas.

O terramoto político causado pela vitória do Seguir em Frente, liderado por Pita Limjaroenrat, tem sido combatido no parlamento pela classe militarista, conservadora e pró-realeza da Tailândia, associada com a junta militar que lidera o país desde o golpe de Estado de 2014. Depois de duas tentativas falhadas para assegurar a nomeação do líder do partido mais votado, o Seguir em Frente deu entrada no Tribunal Constitucional com um pedido de revisão do bloqueio exercido por estes parlamentares.

Limjaroenrat tem sido bloqueado pela câmara alta do parlamento, o Senado tailandês, cujos 250 membros são nomeados pela junta militar no poder depois da alteração constitucional de 2017, e não eleitos por sufrágio. O primeiro voto não reuniu os 375 votos parlamentares necessários, depois de a eleição de maio ter conferido 312 assentos ao Seguir em Frente.

No segundo voto, Limjaroenrat estava bloqueado de deter funções parlamentares por uma alegada violação da lei eleitoral, uma decisão contestada pelo político e o seu partido nos tribunais.

“Fica claro que, no sistema atual, ganhar a aprovação popular não é suficiente para governar o país”, lamentou o político de 42 anos no Instagram após o segundo voto falhado para a sua eleição como primeiro-ministro, garantindo, no entanto, que iria lutar por satisfazer a vontade do povo tailandês.

O anúncio da decisão está marcado para 16 de agosto. Até lá, o impasse político que ameaça agravar a instabilidade num país marcado por golpes de Estado e descontentamento popular manter-se-á, com os apoiantes do movimento democrático Seguir em Frente cada vez mais descontentes.

Já esta semana, e perante a incapacidade de Limjaroenrat reunir o apoio necessário para confirmar a sua nomeação como primeiro-ministro, o segundo partido mais votado, o Pheu Thai, anunciou a sua intenção de tentar formar governo sem a força que ganhou as eleições de maio. O Pheu Thai está fortemente ligado à família multimilionária Shinawatra, tendo governado os dois últimos governos democráticos do país, ambos derrubados por golpes de Estado militares.

Perante este anúncio, os apoiantes do Seguir em Frente protestaram em frente à sede do Pheu Thai, em Banguecoque, para pedir a união da coligação de oito partidos liderada por Pita Limjaroenrat.

O Seguir em Frente surpreendeu os analistas ao vencer a eleição de maio, impulsionado pelo apoio da população jovem, urbana e mais educada. Concorrendo numa plataforma democrática, Limjaroenrat prometeu maior liberdade social, política e económica no país, atacando os monopólios instalados e garantindo a reforma das leis de lesa-majestade, que acarretam um termo de prisão até 15 anos e têm sido utilizadas para silenciar opositores do atual regime monárquico e militar.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.